APRESENTAÇÃO
A arte é uma grande belezura que está presente em nossas vidas das mais variadas formas: na roupa que vestimos, na música que ouvimos, na fotografia, no cinema, na televisão, no teatro, na pintura, na dança, no artesanato, nos desenhos, na caricatura, na literatura, enfim, arte é tudo de bom.
Até os anos 80, a matéria Educação Artística era vista como uma forma de lazer, era um momento para descansar das aulas sérias. Cabia ao professor também fazer murais e lembrancinhas em datas especiais. Os livros didáticos traziam técnicas e não apresentavam obras de artistas influentes.
Já nos anos 90, a visão da disciplina começou a mudar. Era preciso alfabetizar para a leitura de imagens. A arte passou a ser vista como uma linguagem.
O objetivo das aulas de Artes, de fato, não é teorizar sobre o tema, mas levar cada um a ver, contemplar, curtir, fazer acontecer a obra de arte. É um grande barato quando nos descobrimos artistas. E por que não podemos ser artistas? Claro que podemos. É claro que sei das dificuldades daqueles que trabalham o dia inteiro e já chegam cansados à escola e sei também daquelas que trabalham e estudam e são mães, mas também sei que toda essa correria e que todo o cansaço não são capazes de apagar o menino ou a menina que há em cada um. Ainda sonhamos, ainda temos vontade de fazer coisas que não tivemos oportunidade de fazer quando crianças ou adolescentes. É aí, então, que chega a minha proposta de trabalho com artes para a EJA. É impagável ver senhores, senhoras, jovens, todos sentadinhos em grupos ou individualmente fazendo arte ou todos se movimentando pela sala trocando material ou sugestões. Que gostosura!
Então, galera, bem vindos ao mundo das artes, da imaginação, da viagem sem sair do lugar e, quem sabe, da descoberta do artista que está em cada um de vocês.
Prof. Isac Machado de Moura
O Universo das Artes
O meu olhar é nítido como um girassol.
Tenho o costume de andar pelas estradas
Olhando para a direita e para a esquerda,
E de vez em quando olhando para trás...
E o que vejo a cada momento
É aquilo que nunca antes eu tinha visto,
E eu sei dar por isso muito bem...
Sei ter o pasmo essencial
Que tem uma criança se, ao nascer,
Reparasse que nascera deveras...
Sinto-me nascido a cada momento
Para a eterna novidade do mundo.
(Alberto Caeiro / Fernando Pessoa)
A expressão “eterna novidade do mundo” refere-se a junção do eterno e do novo, o que é aparentemente impossível, e essa unidade é feita pelos e para os humanos. É o que chamamos de arte.
A arte é, assim, a busca do novo. É dessa forma que Claude Monet pintou várias vezes a mesma catedral e, em cada tela, nasceu uma nova catedral.
A obra de arte dá a ver, a ouvir, a sentir, a pensar, a dizer. Nela e por ela, a realidade se revela como se jamais a tivéssemos visto, ouvido, dito, sentido ou pensado. É a experiência de nascer todo dia para a “eterna novidade do mundo”.
O que há de espantoso nas artes é que elas realizam o desvendamento do mundo recriando o mundo noutra dimensão e de tal maneira que a realidade não está aquém e nem na obra, mas é a própria obra de arte. Talvez a melhor comprovação disso seja a música. Feita de sons, será destruída se tentarmos ouvir cada um deles ou reproduzi-los como no toque de um corpo de cristal ou de metal. A música, pela harmonia, pela proporção, pela combinação de sons, pelo ritmo e pela percussão, cria um mundo sonoro que só existe por ela, nela e que é ela própria. Recolhe a sonoridade do mundo e de nossa percepção auditiva, mas reinventa o som e a audição como se estes jamais houvessem existido, tornando o mundo eternamente novo.
CONCEITOS DE ARTE
Segundo o pintor espanhol Pablo Picasso, “a arte é a mentira que revela a verdade.” Já para o poeta e crítico de arte brasileiro, Ferreira Gullar, “a arte é muitas coisas. Uma das coisas que a arte é, parece, é uma transformação simbólica do mundo. Naturalmente, esse mundo outro que o artista cria ou inventa, nasce de sua cultura, de sua experiência de vida, das idéias que ele tem na cabeça, enfim, de sua visão de mundo.
OUTROS CONCEITOS
“A possibilidade de fazer outras leituras do mundo, ampliando experiências de aprendizagem, desenvolvendo e organizando nossas percepções de realidade.” (livro da FUNDAR)
Abrange todas aquelas atividades de cultura em que se trabalhe o sensível e o imaginário, com o objetivo de alcançar o prazer e desenvolver a identidade simbólica de um povo ou uma classe social. (Nestor Cancline)
“É o meio indispensável para a união do indivíduo com o todo realidade; reflete a infinita capacidade humana para a associação de experiências e idéias.” (Ernest Fixer)
“A arte é um movimento inequívoco de rompimento com o estabelecido, um movimento de ruptura de padrões, que leva a novas reflexões, novos paradigmas, que busca o novo.” (PCN)
“Arte é um jeito especial de fazer coisas com beleza e é, também, a atividade de fazê-las. Pintar, desenhar, cantar, tocar música, dançar e contar histórias são formas de arte.” (O Aurélio com a Turma da Mônica)
“Arte é a manifestação de uma pessoa ou de um grupo num determinado espaço de tempo.”
FAZENDO ARTE
Cada aluno vai ao quadro e faz um risco. O objetivo é criar um traçado com a participação de toda a turma, produzindo uma imagem abstrata;
Dividir a turma em grupos (máximo de quatro pessoas). Cada grupo tenta imitar da melhor maneira possível o traçado do quadro;
Colorir o traçado (policromia), produzindo uma obra abstrata.
A OBRA DE ARTE, O ARTISTA E A IMAGINAÇÃO CRIADORA
A obra de arte, revelada em forma de alegoria, de formulação crítica, de identificação ideológica, de elaboração poética, ganha outros significados no contato com cada espectador. A percepção é a condição para a compreensão estética e artística diante de uma obra de arte. Intuição, raciocínio e imaginação atuam tanto no artista como no espectador.
“Se ninguém criar mais nada diferente a partir desse momento, o mundo perderá muito da sua beleza, alegria, curiosidade e fantasia.”
“O mundo da arte é cheio de histórias em que o artista luta contra toda a família para conseguir ser artista. Quando chega o sucesso, claro, toda a família passa a viver em função dele.”
A imaginação criadora permite ao ser humano conceber situações, fatos, idéias e sentimentos que se realizam como imagens internas, a partir da articulação da linguagem. A emoção é movimento, a imaginação dá forma e densidade “a experiência de perceber, sentir e pensar, criando imagens internas que se combinam para representar essa experiência.
“Os artistas estão sempre buscando se expressar de forma inédita, descobrindo cores e materiais que possam ser utilizados nas suas criações. Estão sempre contando a história através de pinturas, músicas, peças de teatro, esculturas, danças, etc.. Escrevem o que acontece através das cores, das linhas, das formas, dos sons, do corpo, das expressões, dos materiais expressivos, dos instrumentos, etc...”
ESTÉTICA
A noção de estética, formulada e desenvolvida nos séculos XVIII e XIX, pressupunha:
1. Que a arte é produto da sensibilidade, da imaginação e da inspiração do artista e que sua finalidade é a contemplação;
2. Que a contemplação, do lado do artista, é a busca do belo (e não do útil, nem do agradável ou prazeroso) e, do lado do público, é a avaliação ou o julgamento do valor de beleza atingido pela obra;
3. Que o belo é diferente do verdadeiro.
De fato, o verdadeiro é o que é conhecido pelo intelecto por meio de demonstrações e provas. O belo, ao contrário, tem a peculiaridade de possuir um valor universal, embora a obra de arte seja essencialmente particular, ou seja, não dá pra comparar com outra.
Quando leio um poema, escuto uma música ou observo um quadro, posso dizer que são belos ou que ali está a beleza, embora esteja diante de algo único e incomparável.
Leve – Zeppa / Jorge Vercilo
Levitar dos colibris
Graciosamente breve
Como pode tão feliz?
Censurar, ninguém se atreve
Não precisam inventar
Qualquer coisa que me eleve,
Basta teu sorriso pra dispensar
Asa-delta e ultra-leve
Se carece de definição: me sinto leve
Céu azul na bolha de sabão que o vento leve
Como folha, o coração
Ao te refletir, um espelho em si
Vira quadro, vira arte
Salvador Dali não ousou imaginar-te
E eu me sinto flutuar,
Maravilha que me elege
Feito pipa pelo ar, mar azul na areia bege
Como brisa a me beijar
Teu carinho me protege
Me abraça, me derrete ao brincar
Como o mar no iceberg
Com você não tem explicação
Me sinto leve
Céu azul na bolha de sabão
E o vento rege como folha, o coração
Ao te refletir, um espelho em si
Vira quadro, vira arte
Salvador Dali não ousou jamais imaginar-te.
Arriscar
Numa terra em guerra havia um rei que causava espanto. Cada vez que fazia prisioneiros, não os matava, levava-os a uma sala que tinha um grupo de arqueiros em um canto, e uma imensa porta de ferro do outro, na qual haviam gravadas figuras de caveiras cobertas por sangue.
Nesta sala, ele os fazia ficar em círculos e então dizia:
- Vocês podem escolher: morrer flechados por meus arqueiros ou passarem por aquela porta e serem trancados lá.
- Todos os que por lá passavam , escolhiam serem mortos pelos arqueiros.
Ao término da guerra, um soldado que por muito tempo servira ao rei, disse-lhe:
- Senhor, posso lhe fazer uma pergunta?
- Diga, soldado.
- O que havia atrás da assustadora porta?
- Vá e veja.
O soldado, então, abre vagarosamente e percebe que à medida em que abre, raios de sol vão adentrando e clareando o ambiente, até que totalmente aberta, nota que a porta levava a um caminho que sairia rumo a liberdade. O soldado, admirado, apenas olha seu rei, que diz:
- Eu dava a eles a escolha, mas preferiam morrer a arriscar abrir esta porta.
Quantas portas deixamos de abrir pelo medo de arriscar?
Quantas vezes perdemos a liberdade e morremos por dentro apenas por sentirmos medo de abrir a porta de nossos corações?
As Sete Maravilhas do Mundo
Um grupo de alunos estudavam as maravilhas do mundo. No final da aula, pediu-se aos estudantes que fizessem uma lista do que consideravam as sete maravilhas. Embora houvesse algum desacordo, começam os votos:
O Taj Mahal
A Muralha da China
O Canal do Panamá
As Pirâmides do Egito
O Grand Canyon
O Empire State Building
A Basílica de São Pedro
Ao recolher os votos, o professor notou uma estudante muito quieta. A menina não tinha virado sua folha ainda. O professor, então, perguntou-lhe se tinha dificuldades em fazer sua lista. A menina, quieta, respondeu-lhe:
- Sim, um pouco. Não consigo fazer a lista porque são muitas as maravilhas.
O professor disse:
- Bem, diga-nos o que você já tem e talvez nós possamos ajudá-la. A menina hesitou e, então, leu:
- Eu penso que as sete maravilhas do mundo são:
1. Ver
2. Ouvir
3. Tocar
4. Provar
5. Sentir
6. Rir
7. Amar.
(As Mais Belas Parábolas de Todos os Tempos – vol. III – Alexandre Rangel)
EXPOSIÇÃO E VALORIZAÇÃO DOS TRABALHOS
“Quando deixamos de expor e comentar todos os trabalhos dos alunos, privilegiando alguns deles para ocuparem lugar de destaque no espaço da aula, relegando os outros ao esquecimento, ignorando-os, estamos avaliando-os e afirmando, com nossa atitude, que existem trabalhos certos e errados, feios e bonitos. Negamos a riqueza que se obtém pela diversidade e pela diferença de traços e estilo próprios de cada um.
A partir da avaliação castradora podemos ter como conseqüência a inibição do fazer, do tentar, do ousar, do criar, o que dificultará a provável participação dos alunos em outros momentos que poderiam ser proveitosos e enriquecedores para todos.
Como conseqüência de uma avaliação tendenciosa, poderíamos ter ainda um aluno produzindo trabalhos sem autenticidade, com detalhes que agradariam ao educador e que garantiriam sua participação na exposição.
Forçarmos o aluno a produzir algo sem sua vontade, obrigando-o a cumprir tarefas, deixando de motivá-lo, de despertar nele o prazer que a arte proporciona, é condená-lo a perder a oportunidade de se apaixonar pela arte.”
VER e ENXERGAR / ARTE e VIDA
Para falar da expressão artística e seus significados, temos de comparar obras criadas em diferentes épocas e cultura, mas o ideal, na arte, é poder partir de diversos pontos de conhecimentos, “vivências”. Por isso, a arte é colocada em total contexto de sua vida.
Muitas vezes, passamos e deixamos de enxergar a beleza que existe no espaço ao nosso redor; simplesmente vemos e não enxergamos (rotina visual). Acordamos cedo, vamos para o trabalho, sempre correndo e não conseguimos parar para observar os pequenos detalhes que passam por nós; simplesmente vemos pessoas correndo, carros, construções, o mar, as lagoas e não enxergamos os detalhes: a textura dos objetos, as formas, as cores, a natureza.
Tudo isso está contido em nosso cotidiano, rico em detalhes. Para aprimorar nossa percepção e lógica, temos que observar e deixar nosso olhar sentir e penetrar em nossa sensibilidade, para fluir o gosto para o belo.
Desenhar o percurso feito por você de casa até o colégio.
Perceber (voltando do colégio) como é esse percurso e fazer um novo desenho, mais rico em detalhes: detalhes da fachada das casas, construções, esculturas, natureza, cores, etc..
HISTÓRIA DA ARTE
A arte foi, sem dúvida, a primeira forma de expressão do homem, o que pode ser constatado nas figuras rupestres encontradas nas cavernas.
O homem primitivo representava através da pintura cenas de seu cotidiano: caçadas, animais, etc.. utilizando-se para isto, de vários materiais: seiva de plantas, sangue, gordura, ovos e, às vezes, até excrementos de animais.
Além da pintura, o homem primitivo utilizou algumas formas de esculturas em pedra, marfim, barro, ossos de animais...
Após observar algumas pinturas rupestres, utilizando carvão e papel pardo, vamos deixar nossas marcas para as próximas gerações. Assim como o homem primitivo deixou impressões do seu tempo, das caçadas, das lutas, vamos deixar imagens de nosso cotidiano: transportes, tecnologia, escola, hábitos....
OBSERVANDO E CRIANDO AZULEJOS ARTÍSTICOS
Após apresentar a turma (visitando um local ou através do computador) azulejos decorados com cenas antigas, criar nossos próprios azulejos em papel cartão (quadrados perfeitos) com cenas atuais (religião, economia, cultura, educação, transportes, lendas, paisagens....).
TECNOLOGIA / MÍDIA
Folhear uma revista, ver uma fotografia, assistir à TV ou ouvir o rádio... tudo está ligado à arte, pois essas manifestações são a janela para o mundo, dando acesso à novidade, ao conhecimento de nova linguagem, tanto verbal (tudo o que é escrito e falado) como não-verbal (tudo o que explora os sentidos).
Graças ao avanço da tecnologia, as imagens ganharam cores e sons. Hoje, é difícil ver o mundo sem essas manifestações; elas estão presentes no nosso cotidiano. Desde a infância, estamos habituados a assistir televisão, ouvir um rádio, um cd... Essas manifestações artísticas estão presentes no nosso contexto social, na formação de telespectadores conscientes, capazes de ver e enxergar a nossa realidade.
Sabendo ser críticos e distinguir o enfoque positivo ou negativo que é passado, aprendemos a selecionar o que nos faz bem e o que não nos faz bem.
Um grupo vai improvisar um programa de televisão que explore bastante a linguagem não-verbal;
Um outro grupo vai improvisar um programa de rádio;
LINGUAGEM VISUAL
Você já observou que, a todo instante, nossa atenção é atraída por alguma imagem? Sem falar dos livros, jornais, revistas, cinema e televisão, lembramos os anúncios luminosos e os “outdoors”, aqueles imensos cartazes espalhados por toda parte.
Servindo-se dos recursos empregados em artes gráficas, os programadores visuais fazem, por vezes, autênticas obras de arte ao criarem uma nova marca de firma, um cartaz, um personagem de história em quadrinhos, uma capa de disco, um calendário, etc.. Trata-se, portanto, de uma arte com características especiais, interessada na comunicação com o público em geral e não com um número reduzido de pessoas.
Exemplos: A Turma da Mônica, de Maurício de Souza, a propaganda da CICA, a marca da COCA-COLA.
Dá-se o nome de DESIGNER (dizainer) ao desenhista industrial que cria novas formas para objetos usuais, novas cores e estamparias para tecidos, novas embalagens, novas formas de propaganda e comercialização de produtos.
Os alunos vão a shoppings e lojas e pegam cartões, folders, tudo o que traga uma marca da loja, que a identifique;
Criação de uma logomarca para a escola;
Usar logomarcas conhecidas e transformá-las para uma campanha de cidadania. Apresentá-las ao grupão através do datashow;
Você é um rico investidor. Que tipo de empresa teria? Vamos criar uma logomarca para ela?
Identificação dos espaços da escola (secretaria, biblioteca, refeitório...) a partir de símbolos (fazer o projeto em A4).
COMO LER UMA OBRA DE ARTE?
Do mesmo jeito que aprendemos a ler a linguagem verbal, ou seja, as letras, as palavras, as frases.
Quando lemos uma obra de arte, é muito importante entender que não existe um único caminho, ou seja, uma única forma de interpretação, mas também é importante que se leve em conta alguns detalhes importantes ou algumas formas de se fazer essa leitura:
LEITURA FORMAL – observar os elementos que formam a obra de arte: a linha, a cor, o volume, a perspectiva...
LEITURA INTERPRETATIVA – cada expectador coloca o que pensa sobre a obra que está vendo, pois cada pessoa vê e sente uma obra de arte de acordo com sua história de vida, com o que já sabe e conhece sobre a arte. Aqui não existe o certo e o errado.
CONTEXTUALIZACÃO HISTÓRICA – localizar a obra de arte no tempo histórico e no espaço, observando o tema, os significados, ou seja, o contexto, a situação em que foi criada, auxiliando na compreensão e no significado da obra.
Quanto mais estivermos em contato com obras de arte, melhor conseguiremos entendê-las, interpretá-las.
CÓPIA E RELEITURA DE OBRA DE ARTE
CÓPIA – reprodução da imagem sem alterá-la, sem criar.
RELEITURA – interpretação pessoal da obra, possibilidade de criar, de refletir sobre a produção e a partir dela modificar aspectos da obra original ou até mesmo “viajar” em sua produção. Surgirá, assim, uma nova obra, que tanto pode ser uma releitura explícita, onde percebemos a obra relida, ou implícita, onde o aprendiz se desvencilha da obra e produz o seu trabalho, tendo pouco ou quase nada da obra original. Nesse caso, teremos a marca pessoal de quem produziu o trabalho, a característica da pessoa, seu jeito de ler o mundo, de pintar e produzir arte.
Observe atentamente uma obra de arte. Procure observar suas cores, linhas, formas, perspectiva, volumes. Localize suas dimensões, técnicas, ano em que foi produzida. Agora pense: se essa obra tivesse sido feita em nosso tempo, como ela seria?
Descreva, numa folha, suas idéias e tente produzi-las artisticamente.
“Há uma grande distância entre releitura e cópia. A cópia diz respeito ao aprimoramento técnico sem transformação, sem interpretação, sem criação. Já na releitura há transformação, interpretação, criação com base num referencial, num texto visual que pode estar explícito ou implícito na obra final. Aqui, o que se busca é a criação e não a reprodução de uma imagem.”
CADA OLHAR UMA HISTÓRIA
Vamos transformar pinturas ou esculturas em poemas, e poemas em pinturas ou esculturas.
LEITURA DE FOTOGRAFIA
Quantas pessoas estão na fotografia?
Quem são essas pessoas?
O que estão fazendo?
Como a foto foi tirada: de baixo para cima, aérea, no mesmo nível?
Sobre o ambiente fotografado: rural, urbano?
Agora, vamos desenhar a fotografia, colocando mais objetos nela, caso julgue necessário. Depois, vamos comparar o desenho com a foto e discutir as diferenças entre ambas.
PRODUZINDO UMA FOTONOVELA
Divididos em grupos, os alunos deverão construir cenas que serão fotografadas formando uma história;
Montar as cenas (os alunos podem se caracterizar) e fotografá-las (de 6 a 10 fotos por grupo) – explorar a mímica, a linguagem gestual;
Impressas as fotos (pode ser no computador, caso os alunos tenham a disposição na escola), deverão ser criados os diálogos, as falas. Explorar o uso de balões, de onomatopéias, interjeições, pontuação.
DESDOBRAMENTO
Os alunos escolhem uma letra de música, uma poesia, enfim, um texto que possa ser dramatizado e produzem um vídeo ou uma seqüência de fotografias (Clarisse, de Renato Russo, é uma boa opção).
Dar uma função específica a cada elemento do grupo (atores, diretor, figurinista, maquiador, roteirista, etc.);
Cada cena será fotografada e deverá transmitir o conteúdo da letra da música que foi escolhida, através da caracterização das personagens e expressões fisionômicas;
Os alunos-atores deverão criar as situações, congelando em formas que melhor traduzam o sentido buscado, para serem fotografadas, representando a história que foi roteirizada previamente e assim montar a fotonovela.
GRAVURA
As técnicas de reprodução artística constituem um recurso de expressão plástica, além da pintura, do desenho, da colagem e da escultura.
Para fazer reproduções, o desenho não é realizado em papel, mas em madeira (xilogravura), em pedra (litogravura), em metal (ponta seca e água-forte), em linóleo (lineogravura), entre outras superfícies.
Desenha-se com instrumentos próprios para marcar (gravar) o material e, em alguns casos, utilizam-se produtos químicos, como ácidos. Na seqüência, aplica-se uma tinta especial para impressão sobre o desenho e depois uma folha de papel. Esse papel é então posicionado sobre o desenho (em geral com a ajuda de uma prensa) para copiá-la. Tira-se tantas cópias quantas se desejar. O resultado desse trabalho é chamado de gravura.
ISOPOGRAVURA
Utilizamos como suporte as embalagens descartáveis de isopor; como ponta seca para gravar, palitos ou ponta de uma caneta. O rolinho para espalhar a tinta sobre o isopor é de espuma. A tinta utilizada é o guache preto, e o papel, sulfite. No lugar da prensa, usamos as mãos pressionando o papel sobre o isopor.
Cubra o desenho com uma folha de papel ofício e pressione-a levemente com as mãos, retirando-a em seguida. O seu desenho estará impresso no papel.
MASSINHA CASEIRA
Um copo de farinha de trigo, meio copo de sal, água suficiente para dar ponto e anilina comestível para colorir.
DESENHO CEGO
Material: pincel grosso, giz de cera branco, aguada de tinta guache preta ou cor em tom escuro, papel ofício.
Desenhar usando giz de cera branco sobre papel branco. Em seguida, utilizando o pincel, dá uma demão de aguada com guache sobre o desenho, fazendo com que fique visível.
Essa técnica é legal porque o aluno se entusiasma desenhando sem enxergar o que traçou e também porque não se utiliza a borracha para apagar.
UM SER FANTÁSTICO
Material: jornais, retalhos de tecido, papel colorido, vela, fósforo, celofane, plástico, papelão e qualquer outro material que auxilie na confecção de bonecos.
A atividade é iniciada com a leitura e interpretação de uma música (sugestão: Sem Pecado e Sem Juízo, de Baby Consuelo);
Cada grupo deverá confeccionar um ser fantástico, sem nenhum compromisso com o real;
Batizar o novo ser com um nome que tenha ligação com o material de que é feito e criar um texto sobre ele, baseando-se nas perguntas: 1) Quem é? 2) De que é feito? 3) Onde vive (descrever o ambiente) 4) Como se comunica quando está alegre? 5) E quando está triste? 6) Como se relaciona com os outros seres, com o mundo? 7) Quais as suas contribuições para o mundo?
OFICINA DE BONECOS PARA MONTAR QUALQUER CENA
· Soldados em batalha
· Participantes de festas
· Trabalhadores em plantações ou fábricas
Amasse folhas de jornal para formar a cabeça;
Amarre a base da cabeça com barbante, deixando pontas dos jornais;
Nessas pontas, emende novos pedaços de jornal para braços, corpo e pernas;
Feita a base de jornal, enrole todo o boneco com fita crepe. Assim, ele ficará firme e com as formas bem definidas;
Passe guache sobre a fita crepe para dar um tom de pele. Também com guache ou com caneta comum, desenhe os traços do rosto;
Cabelos, chapéus ou lenços, feitos de lã, tecidos ou outros materiais dão o acabamento.
Para as roupas, basta amarrar retalhos ao redor do corpo.
Se quiser, faça uma base de argila e prenda nela uma base de madeira e prenda o boneco na haste para que fique em pé.
OFICINA DE PIPAS
Material necessário: três varetas, linha, cola, tesoura, papel colorido.
Cada pipa é diferente da outra, como nós;
Cada participante deverá contar (oralmente) a história da sua pipa: o porquê das cores, dos detalhes; em que pensou;
Produzir um texto escrito sobre a pipa (viajar): poesia, teatro, prosa, crônica....
A pipa é um texto: tem autoria, criador, significados...
O criador deve identificar-se, na pipa, de alguma forma;
Para quem ofereceria a pipa? Por quê?
Pesquisar outros nomes da pipa (papagaio, cafifa, cangula, pião...);
Pesquisar a origem da pipa e seu uso para enviar mensagens.
MASSA DE PAPEL MACHÊ
MATERIAL:
- um rolo de papel higiênico branco (pode ser dos baratos);
- meio quilo de farinha de trigo;
- água;
- cola branca;
- 4 colheres (sopa) de vinagre;
- 1 colher (sopa) de pinho sol.
PREPARANDO:
- rasgue bem picadinho o papel higiênico e deixe de molho na água por 24 horas;
- escorra a água, junte a farinha de trigo e a cola até dá uma boa liga (não pode esfarelar);
- coloque o vinagre e o pinho sol (esses dois ingredientes não permitem que a massa apodreça).
OBS.: Existem massas de papel machê prontas para vender. Basta adicionar água e mexer.
COLAGENS
Podemos definir colagem como uma composição elaborada a partir da utilização de materias e texturas, variadas ou não, superpostas ou colocadas lado a lado, na criação de um motivo ou imagem a ele associada.
A escolha de imagens ou materiais para uma colagem pode ser ao acaso ou intencional. Os materiais podem ser escolhidos pelas suas qualidades plásticas e formais (textura, cor, dimensão) ou por seus significados.
Em 1912, Picasso realiza a primeira colagem cubista. A colagem se torna aos poucos um novo procedimento artístico, que funciona como elo da pintura com a realidade.
Criar um arquivo de materiais coletados para serem usados em atividades de colagem: rótulos, descartáveis, panfletos, bilhetes de ônibus, trem ou metrô, papéis de bala, embalagens, retalhos de tecidos, fotos velhas, jornais, cartões, etc...
Criar diferentes critérios para as escolhas e composições dos materiais:
a) acaso x ordem; acaso x escolha afetiva (uso / consumo);
b) cor e textura – composição;
c) justaposição de imagens – a fotomontagem;
d) juntando palavras e imagens.
PARA REFLETIR
Como as embalagens de balas, rótulos, tíquetes de cinema e teatro, jornais, etc.., tão banais aos nossos olhos, podem ser vistos de forma diferente? Que tipo de material achado pode ser incorporado a uma colagem? Como podemos interpretar essas escolhas?
Guardar um bilhete, cartão ou embalagem pelo momento que ele representa , como memória material, já corresponde a dizer que essas coisas já não vistas como banais.
Quantos de nós guardamos pequenas lembranças de experiências especiais? Cada geração tem suas marcas (rótulos de produtos) que sem percebermos nos marcam, acompanhando os momentos que registram nossas trajetórias de vida.
SUGESTÕES DE PROJETOS E ATIVIDADES
Penso, logo crio. / Penso, logo faço arte;
Painés Urbanos (fazer e espalhar pela escola);
Trabalhar a formação de platéia crítica e consciente e levar os alunos ao teatro;
Montar uma galeria de autógrafos.
Jogos, brinquedos e brincadeiras.
Criar um museu temático em um dos espaços da escola (os museus precisam de guias ou de mediadores?).
JOGO CÊNICO E DOBRADURAS
Num belo dia, resolvemos passear; andávamos bem devagar observando as árvores, os pássaros, as flores, o chão, a terra... Encontramos uma folha de jornal (cada aluno pega do chão uma folha de jornal). Pegamos o jornal, lemos e continuamos a caminhar... De repente, começou a ventar, começamos a andar bem rápido. O tempo mudou. Começou a chover. Precisamos nos proteger da chuva... (cada um coloca o jornal sobre a cabeça). A chuva parou, o sol brilhou muito forte. Vamos fazer um chapéu para nos proteger do sol (dobradura do chapéu). Caminhamos até a praia, pisamos na areia mole... (quente / fria / mole / dura). Olha um barco! Alguém gritou! E o chapéu virou um barco... (transformar o chapéu em barco). Estávamos cansados, voltamos para casa... anoiteceu... ai que frio! E o barco virou uma camisa (transformar o barco em camisa). Chegamos em casa, deitamos e dormimos.
DO COISÁRIO AO RELICÁRIO
Transfigurar uma coisa qualquer em relíquia é nominá-la, encantá-la de memória futura. É reconhecê-la como extensão de nossa identidade – capaz de contar um pouco de quem nós somos e de onde viemos. A construção de um relicário consiste em experiências coletivas buscando construir uma trama relacional de confiança e afeto entre indivíduos.
Um coisário é um conjunto de objetos e coisas reunidas em qualquer lugar. Reunir coisas implica potencializá-las para novas possibilidades de uso, valor, significado, atenção e interpretação.
São muitas as referências de artistas que a partir de diferentes intenções ou circunstâncias assumem uma atitude de coletores de coisas achadas, criando suas coleções / instalações / obras de arte.
PARA REFLETIR
Por que colecionamos coisas?
Alguém da turma tem alguma coleção?
Como a organiza?
Que outras coleções vocês conhecem?
Quando alguma coisa faz parte de uma coleção, ela se torna importante e, muitas vezes, indispensável, pois passa a integrar um grupo. Um mesmo objeto pode estar em mais de uma coleção?
Qual é a diferença entre um objeto e uma relíquia?
Quando um objeto se torna uma relíquia?
GUARDAR
Antônio Cícero
Guardar uma coisa não é escondê-la ou trancá-la.
Em cofre não se guarda coisa alguma.
Em cofre perde-se a coisa à vista.
Guardar uma coisa é olhá-la, fitá-la, mirá-la
por admirá-la, isto é, iluminá-la
ou ser por ela iluminado.
Guardar uma coisa é vigiá-la, isto é,
fazer vigília por ela,
isto é, velar por ela, isto é, estar acordado
por ela,
isto é, estar por ela ou ser por ela.
Por isso melhor se guarda o vôo de um pássaro
Do que um pássaro sem vôos.
Por isso se escreve, por isso se diz, por isso se
publica,
por isso se declara e declama um poema:
para guardá-lo:
para que ele, por sua vez, guarde o que guarda;
guarde o que quer que guarde um poema:
por isso o lance do poema:
por guardar-se o que se quer guardar.
BREVE HISTÓRIA DA MÚSICA
Como as primeiras manifestações musicais não deixaram vestígios, é praticamente impossível dizer qual a data exata do nascimento da música. Ao que parece, o homem das cavernas dava à sua música um sentido religioso. Considerava-a um presente dos deuses e atribuía-lhe funções mágicas. Associada à dança, ela assumia um caráter de ritual, pelo qual as tribos reverenciavam o desconhecido, agradecendo-lhe a abundância da caça, a fertilidade da terra e dos homens. Mais tarde, em vez de usar só as mãos e os pés, passaram a ritmar suas danças com pancadas na madeira, primeiro simples e depois trabalhadas para soarem de formas diferentes. Surgia, assim, o instrumento de percussão.
Os barulhos da natureza deviam fascinar o homem desses tempos, dando-lhe vontade de imitar o sopro do vento, o ruído das águas, o canto dos pássaros. De modo que estranhos sons tirados da garganta devem ter constituído uma forma rudimentar de canto que, junto com o ritmo, resultou na mistura de palmas e roncos, pulos e uivos, batidas e berros. Era o que estava ao alcance do homem primitivo.
A noção que hoje se tem da música como “uma organização temporal de sons e silêncios” não é nova. Civilizações muito antigas já se aproximaram dela, descobrindo os elementos musicais e ordenando-os de maneira sistematizada.
A Bíblia mostra que também os judeus tinham a música como hábito. Davi fala sobre ela nos Salmos e diversas outras passagens bíblicas contêm menções a respeito.
Foram os gregos que estabeleceram as bases para a cultura musical do Ocidente. A própria palavra MÚSICA vem do grego, onde Mousikê significa “a arte das musas”, abrangendo também a poesia e a dança. Como os demais povos antigos, os gregos atribuíam aos deuses sua música, um meio de alcançar a perfeição.
No Brasil, foi Villa-Lobos quem fez com que a nossa música alcançasse sua expressão mais genuína, tornando-a conhecida internacionalmente.
A música brasileira é riquíssima, temos vários ritmos (alguns importados) para todos os gostos... é uma belezura:
- Samba;
- Pagode;
- Forró;
- Lambada;
- Funk;
- Hip hope;
- Rep;
- Bossa nova;
- Rock;
- MPB;
- Outros.
APRECIAÇÃO MUSICAL – ALGUNS CONCEITOS
Música – organização de sons com objetivo estético.
Ouvir – perceber (os sons) pelo sentido da audição: experiência fisiológica, sensorial.
Escutar – tornar-se ou estar atento para ouvir, pela postura e atitude voluntárias; aplicar o ouvido com atenção para perceber ou ouvir: experiência que passa pelo filtro da consciência.
Dividir a turma em grupos;
Cada grupo produz uma partitura muito louca;
O outro grupo tenta decodificar a partitura dos colegas e reproduzir os sons representados;
Cada grupo apresenta sua própria partitura
Execução da música E OUTRAS COISAS, de Lulu Santos;
Após a música, em silêncio absoluto, cada um registra todos os sons captados no ambiente;
Representar, em grupos (como no programa MEDIA PLAY), diferentes sons.
CORES
A cor tem uma importância muito grande em nossas vidas. Até algum tempo atrás, nossos livros, revistas e jornais eram feitos em preto e branco.
Na arte, a cor é um elemento importantíssimo de expressividade, através dela o artista consegue transmitir toda a sua mensagem.
CORES PRIMÁRIAS – São cores puras, sem nenhuma mistura: vermelho, amarelo e azul.
CORES SECUNDÁRIAS – são o resultado da mistura de duas cores primárias:
amarelo + azul = verde
amarelo + vermelho = alaranjado
azul + vermelho = roxo
CORES TERCIÁRIAS – são obtidas pela mistura de uma cor primária e uma cor secundária:
amarelo + laranja = amarelo alaranjado
amarelo + verde = amarelo esverdeado
vermelho + laranja = vermelho alaranjado
vermelho + roxo = vermelho arroxeado
vermelho + verde = marrom
azul + verde = azul esverdeado
azul + roxo = azul arroxeado
CORES QUENTES – são aquelas que nos dão a sensação de calor, alegria, emoção, agitação e luminosidade: amarelo, vermelho e laranja.
CORES FRIAS – são aquelas que nos passam uma sensação de tristeza, frio, escuridão e medo: azul, verde e roxo.
CORES NEUTRAS – são aquelas que não formam outras cores, embora participem em misturas para deixar as cores primárias e terciárias com diferentes tonalidades ou nuanças: preto, branco e cinza.
MONOCROMIA – é o uso de uma única cor em vários tons. Para obtermos tons mais claros acrescentamos a tinta branca e para tons mais escuros, a tinta preta.
POLICROMIA – é o uso de várias cores.
CONHECENDO TÉCNICAS DE PINTURA
As pinturas podem ser realizadas com lápis de cor, giz de cera, carvão, hidrocor e também com vários tipos de tintas: plástica, acrílica, vitral, tecido, aquarela, a óleo, além das tintas caseiras produzidas a partir de vegetais e de minerais.
Os povos antigos faziam tintas extraindo pigmentos das plantas, do carvão, dos minerais e de insetos moídos e misturados com sangue e gordura de animais.
As técnicas de pintura mais conhecidas são:
1. ACRÍLICA – sua principal característica é a rapidez na secagem, o que impossibilita o artista de realizar correções em sua obra. Se acaso esquecer o pincel sujo é muito provável que não consiga utilizá-lo mais. É uma técnica utilizada a mais de 50 anos.
2. AFRESCO - técnica de pintura aplicada em paredes e tetos que consiste em pintar sobre camada de revestimento recente, fresco, ou seja, ainda úmido, de modo que possibilite o embebimento da tinta. O pintor renascentista Michelangelo utilizou essa técnica para pintar o teto da capela Sistina, no Vaticano.
3. AQUARELA – é uma técnica de pintura, geralmente sobre papel, em que se emprega o pigmento dissolvido em água, permitindo um meio de expressão delicado e transparente de difícil execução, uma vez que o aquarelista precisa trabalhar rapidamente, sem se deter em minúcias e sem poder sobrepor a tinta para retoques.
4. ENCÁUSTICA – é um tipo de pintura baseada no uso de pigmentos e cera tratados a quente, conhecida desde a Antiguidade, e caracterizada pelo efeito translúcido que produz, ou seja, as cores são diluídas em cera derretida, que é aquecida no momento de ser utilizada.
5. GUACHE - é uma tinta muito utilizada nas escolas, e feita basicamente com pigmentos misturados com cola e goma, diluídos em água. É uma tinta que proporciona cores sem brilho. Para conseguir as luzes e os tons claros é necessária a mistura com o branco.
6. MOSAICOS – é a composição feita a partir de pedacinhos de materiais que formam paisagens e figuras. Eram utilizados nos pisos dos templos com pedaços de mármore.
7. ÓLEO – um dos recursos mais utilizados pelos artistas plásticos, inclusive Tarsila do Amaral. Pode ser aplicada em telas de linho, cânhamo, juta ou algodão, e também na madeira, de um modo finíssimo ou em massas espessas aplicadas com pincéis, dedos ou espátulas.
8. TÊMPERA – consiste na mistura de gema de ovo e pigmentos coloridos. É uma técnica bastante antiga, tendo sido utilizada pelos egípcios e pelos gregos.
9. VITRAL – consiste na justaposição de diversas porções de vidro colorido e transparente, de formas e dimensões variadas, unidas entre si por nervuras metálicas, para formar figuras ou composições decorativas.
10. CARVÃO – Apresenta-se sob forma de pequenos bastões, obtidos pela queima de ramos de videira ou vime. Usado, especialmente, em desenhos, é também conhecido como fusain (fusen).
11. CRAYON – Lápis-carvão macio usado em desenhos (creiom).
RECEITA DE TINTA CASEIRA
· folhas de árvores, arbustos ou folhagens;
· pétalas de flores;
· vegetais (beterraba, cenoura, espinafre);
· colher;
· espremedor ou liquidificador;
· potinhos com tampa para colocar a tinta;
· cola.
MODO DE FAZER
Deixe de “molho”, na água, as folhas e as pétalas das flores, em potes separados. Você pode também deixá-las mergulhadas no álcool. Depois amasse, esprema ou bata no liquidificador. Agora é só coar e usar.
Para fazer a tinta com beterraba, cenoura ou espinafre, cozinhe-os e espere a água esfriar e é só usar a água do cozimento. Para uma tinta mais consistente acrescente um pouco de cola nas misturas que você fez.
TINTA COM GEMA DE OVO
Misture bem, numa tigela, a gema do ovo, a anilina (uma cor de cada vez) e um pouco de cola. Está pronta a sua tinta. Faça o mesmo procedimento com quantas cores quiser.
MUDANDO O SUPORTE
MATERIAIS: Folhas de papel (canson, kraft, cartolina, papelão, camurça) ou uma lixa;
Uma forma redonda
Canetinha, giz de cera, lápis de cor
Tintas (guache ou plástica)
Tesoura
Suporte é o local onde são aplicados os materiais expressivos (tintas, barbante, areia, colagem, etc.), ou seja, o papel, a tela, o vidro, a parede. Os papéis para produções artísticas geralmente são vendidos em formatos quadrados ou retangulares. A proposta aqui é mudar a dimensão e o formato do suporte. Vamos trabalhar com suporte redondo.
Lembre-se que, no círculo, não há um lugar definido para ser o chão ou o céu. Esta é uma forma bem diferente de desenhar ou pintar; então use sua criatividade e escolha um desenho que melhor se adeque a este tipo de suporte.
GRANDES PINTORES E SUAS OBRAS BELEZUDAS
TARSILA DO AMARAL
Tarsila nasceu no dia 1º de setembro de 1886, em Capivari, interior de São Paulo, filha de ricos fazendeiros. Cresceu na fazenda São Bernardo, convivendo harmoniosamente com a natureza e os animais. Em 1917 iniciou-se na pintura, aprendendo as técnicas do academicismo e logo depois mostra grande interesse pela pintura impressionista.
Neste mesmo ano, conhece Anita Malfatti e se tornam grandes amigas. Em 1920, Tarsila estuda na Academia Julien, de Paris, convivendo com vários pintores famosos, inclusive Pablo Picasso. Retorna ao Brasil em meados de 1922, integrando-se ao grupo de artistas modernistas.
Só pra lembrar, em 1922 acontece em São Paulo, no Teatro Municipal, a Semana de Arte Moderna, numa luta contra o academicismo e suas regras. Participam dela pintores, escultores, poetas, músicos e escritores, que apresentam uma arte totalmente livre das convenções da academia. Nesta semana os versos deixam de ser metrificados, a música aceita dissonâncias, a pintura foge do real.
A semana foi, portanto, uma declaração de princípios, abrindo para a pintura novas possibilidades. É importante destacar que Tarsila do Amaral, embora tenha se incorporado ao grupo de artistas modernistas, não participou dessa semana de arte.
Ao longo de sua vida, a pintora enfrentou grandes dificuldades, sofrendo diversos golpes: perdeu sua única filha, Dulce, com complicações da diabetes e também sua neta Beatriz, que morreu afogada. Para o túmulo da neta, em Petrópolis, realiza uma das suas poucas esculturas: um anjo. Sofreu uma queda que acabou por causar problemas na espinha, deixando-a paralítica e usando uma cadeira de rodas.
Faleceu em São Paulo, em 17 de janeiro de 1973, aos 87 anos de idade.
RETRATO
Retrato é a representação, desenho ou foto de uma pessoa. Uma fotografia sua é um retrato.
Quando ainda não existia a fotografia era necessário pedir a um artista que pintasse ou desenhasse o nosso rosto. Ainda hoje muitas pessoas encomendam seus retratos para artistas e alguns deles escolhem as pessoas que querem retratar.
A pintora Tarsila do Amaral pintou alguns retratos, assim como o pintor Candido Portinari.
Agora é sua vez: tente desenhar um retrato de um amigo seu, mas de um jeito bem diferente, bem criativo. Se preferir, faça seu auto-retrato.
Materiais: uma folha de papel (cartolina...), lápis, tinta, pincel.
RETRATANDO O COLEGA
Em duplas, após observar o corpo e o rosto do colega, os alunos registram numa folha de papel pardo, com lápis preto, o contorno da cabeça do colega: um desenha o outro. Em seguida, observará o rosto do colega e colocará detalhes, inclusive do contorno, nas devidas proporções. O desenho será em verdadeira grandeza.
OBJETIVOS:
Integrar os colegas de turma através do contato físico e do olhar;
Conhecer obras de artistas que fizeram retratos (Portinari, Tarsila...);
DESDOBRAMENTO:
Cada aluno observará o contorno do rosto do colega de frente e de perfil. De olhos fechados, sentirão com as mãos o rosto do colega. Enquanto um encosta o rosto na folha de papel ofício, o outro contorna com lápis;
Experiência de feitura de uma máscara com a folha de papel, colocando a folha no rosto e amassando-a para que o aluno molde o próprio rosto; em seguida, rasgar e dobrar nos lugares dos olhos, nariz e boca;
Auto-retrato a partir da observação de uma foto 3x4 ou de um espelho – o aluno ampliará para a folha de papel o desenho do seu rosto.
DESENHANDO PAISAGENS
São muitas as paisagens retratadas por Tarsila do Amaral; aprecie atentamente algumas delas. Observe como ela pintava as casas, as árvores, as pessoas e os bichos.
Tente desenhar uma paisagem, escolha um ponto que lhe agrada mais. Pode ser a visão da janela de seu quarto ou da sala de aula, a frente de sua casa, um jardim bem legal, a fachada da sua escola...
Materiais: papel oficio ou um pedaço de cartolina, giz de cera, vela e fósforo, jornal, lápis preto.
Primeiramente, faça um rascunho da paisagem que deseja produzir. Forre a mesa com jornal, acenda a vela e prenda-a com segurança. Escolha a cor do giz de cera que deseja utilizar, aqueça-o na chama da vela e aplique no seu desenho. Cada vez que o giz esfriar, aqueça-o novamente na vela e vá colorindo o seu desenho.
ABAPORU / BRUCUTU
A pintora modernista Tarsila do Amaral tenta explicar o seu “Abaporu” da seguinte forma:
“Devia ser uma lembrança psíquica ou qualquer coisa assim e me lembrei de quando éramos crianças na fazenda. Naquele tempo, tinha muita facilidade de empregadas, aquelas negras que trabalhavam para nós na fazenda, depois do jantar elas reuniam a criançada para contar histórias de assombração, iam contando da assombração que estava no forro da casa, eu tinha muito medo, a gente ficava ouvindo, elas diziam: daqui a pouco da abertura vai cair um braço, vai cair uma perna e nunca esperávamos cair a cabeça, abríamos a porta correndo e nem queríamos saber de ver cair a assombração inteira. Quem sabe o “Abaporu” é um reflexo disto?”
Agora, vamos ouvir com bastante atenção a canção “Brucutu”, de Roberto Carlos e depois vamos tentar materializar o Brucutu através de um desenho.
Olha o Brucutu, Brucutu
Olha o Brucutu, Brucutu
Nas histórias em quadrinhos
Das revistas, dos jornais
Há um tipo curioso e divertido até de mais
O lugar onde ele vive
Todos sabem que é muuu...
Quem ainda não ouviu falar de Brucutu?
Mora só numa caverna
Dorme mesmo é no chão
O seu carro é um dinossauro e veste pele de leão
Anda muito bem armado
Briga sempre com prazer
Traz consigo um machado
E gosta mesmo é de bater
Mas no fundo Brucutu é bom
Seu amigo Fuzi é quem diz
Deixa Ula até usar batom
Olha o jeito dele andar
Brucutu um certo dia foi com Ula passear
Foi ao baile que o rei Gus
Todo mês costuma dar
Só porque outro rapaz pra sua noiva olhou
Brucutu ficou zangado
E seu nariz ele amassou
Mas no fundo Brucutu é bom
Seu amigo Fuzi é quem diz
Deixa Ula até usar batom
Olha o jeito dele andar....
Procure imaginar o Brucutu em todos os seus detalhes citados na letra da música e produza um desenho bem criativo.
COM AS MÃOS NA MASSA
MATERIAIS: 1 kg de argila ou massa de modelar
Jornal
Tintas diversas
Pincéis
Vamos moldar na argila ou com a massa um dos bichos que aparecem nas obras de Tarsila do Amaral. Pode ser o touro, a “cuca”, a cobra, o tatu, qualquer um deles.
Sua produção será tridimensional: um objeto com volume em três dimensões (altura, largura e profundidade).
Trabalhe até ficar satisfeito com a sua produção. Concluída a modelagem, coloque numa superfície plana para secar. Tenha paciência, não force a secagem; colocando a peça no sol, vai rachar. Depois de seca, é só colorir, mas primeiramente dê uma demão de tinta branca e após a secagem, use as outras cores.
CANDIDO PORTINARI - Filho do Brasil, orgulho de Brodowski!
Candido Portinari nasceu em Brodowski, estado de São Paulo, em 30 de dezembro de 1903. Saiu de sua cidade natal ainda jovem para estudar no Rio de Janeiro, de onde projetou sua fama como pintor talentoso e criativo.
Podemos considerá-lo um pintor social, pois com muita sensibilidade transferiu para suas telas todo sofrimento, injustiças, misérias e tristezas de nosso povo e com o mesmo talento retratou de forma colorida e peculiar as alegrias deste mesmo povo.
Morreu aos 59 anos, deixando um acervo artístico de aproximadamente 5.000 obras que o coloca entre os maiores pintores de todos os tempos, admirado e respeitado em todo o mundo.
Portinari, que também tinha uma veia literária, deixou claro em suas poesias, cartas e até bilhetes o seu amor e sua consideração por sua pequena Brodowski. Em quadros famosos retratou cenas de sua infância, de sua terra e de sua gente.
Na antiga casa de seus pais, hoje o Museu Casa de Portinari, em Brodowski, estão afrescos famosos e estudos interessantes que nos dão a certeza de que em obras internacionalmente conhecidas como Guerra e Paz, na ONU, Pampulha, em Belo Horizonte e outras mais, sua cidade natal está presente, pois era lá sua fonte de inspiração.
Seu primeiro desenho foi de uma flor do mato. Mostrou-a a “seu” Batista, seu pai, que ficou emocionado vendo que aquele menino de porte pequeno, olhos azuis, com uma perna mais curta que a outra, seria o orgulho da família Portinari.
Naquele momento, a única preocupação de Candinho era comprar uma caixa de lápis para dar vida aos seus desenhos. Mas com que dinheiro? Seus pais sempre passaram por uma situação financeira muito difícil; a única saída era a nona Maria que morava na cidade de Jardinópolis, interior de São Paulo. A nona Maria sempre guardava naqueles bolsos fundos de seus vestidos muitas moedas. E foi assim, que o menino conquistou sua caixa de lápis de cor e, a partir daí, tudo que via e gostava, desenhava e coloria.
Aos dez anos de idade, Portinari produz seu primeiro desenho (carvão sobre papel), o retrato do maestro Carlos Gomes. Seus traços eram tão perfeitos que adquiriu, posteriormente, a fama de um excelente retratista.
Portinari não participa da Semana de 22, pois permanece estudando na Escola Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro, onde, na época, havia exposições com a finalidade de premiar um dos expositores com a famosa viagem de estudos à Europa, prêmio que só conquistou após muitas tentativas, em 1928, pois suas técnicas modernistas demoraram algum tempo para serem assimiladas na Escola Nacional de Belas Artes.
“Nós devemos, no Brasil, acabar com o orgulho de fazer uma arte para meia dúzia, o artista deve educar o povo, mostrando-se acessível a esse público, que tem medo da arte por ignorância, pela ausência de uma informação artística que deve começar nos cursos primários. Os nossos artistas precisam deixar suas torres de marfim, devem exercer uma forte ação social, interessando-se pela educação do povo brasileiro. Todos os homens de espírito, no Brasil, vivem isoladamente sem sentimento de coletividade, por isso são eles que têm menos força.”
Portinari valorizou o povo brasileiro, em especial a raça negra e foi criticado por isso. As críticas vinham de todos os lados, mas especialmente quando se referiam às deformações expressionistas do artista, ao ponto de ser chamado de “pintor-dos-pés-grandes.”
Em 1939, nasce seu primeiro e único filho, João Candido Portinari, hoje coordenador do Projeto Portinari instalado na PUC do Rio de Janeiro que tem, como maior missão, divulgar a vida e a obra de Candido Portinari, localizar e conservar as suas obras.
Portinari faleceu no Rio de Janeiro, em 6 de fevereiro de 1962, vítima da intoxicação do chumbo contido nas tintas utilizadas na elaboração de quase 5.000 quadros pintados ao longo de sua carreira.
Num pé de café nasci.
O trenzinho passava
Por entre a plantação. Deu a hora
Exata. Nesse tempo os velhos
Imigrantes impressionavam os recém-chegados.
O tema do falatório era o lobisomem.
A lua e o sol passavam longe.
Mais tarde mudamos para a Rua de Cima.
O sol e a lua moravam atrás de nossa
Casa. Quantas vezes vi o sol parado.
Éramos os primeiros a receber sua luz e calor.
Em muitas ocasiões ouvi a lua cantar.
Esmerava-se para aparecer nitidamente
Redonda. Ficava espiando no nosso maracujazeiro.
Surpreendido vendo São Jorge à paisana,
Não me animei. A lua estava de vestido de
Noiva. Os sinos começaram a badalar.
As gentes acudiam, era a missa do galo.
Os dos sítios de Adão e dos olhos-d’água
Lá estavam desde cedo.
As estrelas baixaram iluminando o lado
De fora da igreja, onde se aglomeravam
As gentes, os cães e os animais de montaria.
O Dragão veio se chegando de chinelos (...) (C.Portinari)
BRINCAR É COISA SÉRIA
Brincadeiras infantis a partir de Portinari e Pieter Bruegil (Alemanha – 1560):
Amarelinha
Passa anel
Taco (bétia)
Peteca
Bambolê
Diabolô
Pipa
Carrinho de rolemã
Patinete
Pular corda
Lenço atrás
Bolinhas de gude
Balanço
Pula cela (pula carniça)
Cinco Marias (pedrinhas ou saquinhos)
Roda (cirandas)
Jogo de varetas
Cama de gato (barbante)
Bafo (figurinhas)
Corrida de saco
Ovo na colher
Balança caixão
Corrupio
Cabo de guerra
Pau de sebo...
BRINQUEDOS INFANTIS
Bilboquê
Telefone de latinhas
Barquinho de papel
Cavalinho de pau
Carrinho de rolemã
Vai vem
Vaquinhas de chuchu e batatas
Roletes
Cata vento
Perna de pau
Ioiô
Dominó
Peteca
Corda (fogo / foguinho)
Pipa
Aro, pneu
Marionete
Carrinho de carretel
Argolas
Bate-bate
Bolinhas de gude
Varetas
Barangandã
Pé de lata
Estilingue
ANITA MALFATI
“Sua arte era livre das limitações que o academicismo impunha.”
Nascimento: São Paulo, 1889; e morreu em 1964.
Pintora, gravadora e desenhista.
Devido a uma atrofia congênita no braço e na mão direita, utiliza a esquerda para pintar.
Sua primeira exposição individual acontece em São Paulo, em 1914, mas é a partir de 1917 que se torna conhecida. Ela foi duramente criticada por Monteiro Lobato num artigo intitulado “A Propósito da Exposição Malfati”, mais tarde transcrito em livro com o título “Paranóia ou Mitificação?”
Em 1922, participa da Semana de Arte Moderna, expondo 20 trabalhos, entre eles “O Homem Amarelo”.
Com a morte da mãe em 1952, desligou-se do meio artístico, voltando a expor no MASP em 1955, quando declarou: “Agora estou fazendo arte pura e simplesmente arte popular brasileira.”
PAPIER MACHÊ (PAPEL MACHÊ)
Atividade: Montar a obra “O Farol”, de Anita Malfati, com papel machê, com sucata, com papietagem (rolinhos de jornal com cola).
TAO SIGULDA
Oficina 1 – Imaginação e Memória
Relaxamento com os olhos fechados ao som de uma música instrumental e leitura de um texto que tenha a ver com floresta, estabelecendo uma relação. Juntos, texto e música seriam facilitadores da sensibilização dos participantes. O objetivo é levar os participantes mentalmente a uma floresta, incitando-os a imaginar e sentir a temperatura, perceber movimentos furtivos, observar possíveis animais e/ou outros humanos no local, perceber sons, cores, luzes, cheiros.
Cada participante deve colocar uma folha de papel ofício, através de um desenho, de cores ou de um texto, as impressões vividas mentalmente.
Fixar no quadro todos os trabalhos produzidos.
Cada um comenta o que sentiu durante a viagem imaginária, explicando o trabalho.
EX.: Senti que alguém me olhava, desenhei olhos no escuro.
Tive uma sensação de medo... lembrei de uma cachoeira onde eu ia com meu pai na infância.
LEITURA DE IMAGENS
“A imagem ocupa um lugar considerável no cotidiano do homem contemporâneo. Livros, revistas, outdoors, Internet, cinema, vídeo, tevê, para citar apenas as fontes mais comuns, produzem imagens incessantemente, quase sempre à exaustão e diante de olhares de passagem. Faz-se necessário uma tomada de consciência dessa presença maciça, pois, pressionados pela grande quantidade de informação, estabelecemos com as imagens relações visuais pouco significativas.”
Mostrar a tela “OS PESQUISADORES”, 2001 – de Tao Sigulda
Na primeira olhada, não mencionar o título.
Nas primeiras leituras da imagem, assim como acontece nas primeiras leituras verbais, ocorrem dificuldades, necessidade de reler, e diversas hipóteses são consideradas em relação à imagem lida.
Numa observação mais apurada vão surgindo novas descobertas e possibilidades.
a) As árvores caídas não haviam sido derrubadas como imaginaram num primeiro olhar, mas tombadas por problemas no solo, como, por exemplo, empobrecimento da terra;
b) Os personagens presentes nas imagens talvez não estivessem prejudicando a floresta, extraindo riquezas do solo, mas sim pesquisando para tentar salvá-la;
c) A imagem poderia referir-se à floresta amazônica; os materiais utilizados poderiam ser giz de cera e lixa, usada como suporte.
A dicotomia, a dubiedade aparecem constantemente nos trabalhos de Tao, sugerindo uma diversidade de interpretações por parte do observador. Instrumentos como a picareta nos remete a uma idéia de destruição e não a de uma ferramenta de pesquisa, por isso instaura-se o conflito. O passado e o presente, a morte e a destruição ao lado daquilo que salva; o mal que está dentro de todos, assim como o bem que também está lá e depende do que cada um quer exteriorizar.
Agora, depois de toda a discussão, apresentamos o título da obra e a leitura muda completamente.
Por fim, apresentamos uma explicação do próprio Tao Sigulda: “Hoje em dia, no mundo inteiro e em todos os lugares, se efetuam pesquisas sobre danos ao meio ambiente. Principalmente para salvar a nossa terra e para tentar diminuir o desmatamento desenfreado que ocorre diariamente. Durante este trabalho, os pesquisadores encontram reações da natureza e assim também, possibilidades surpreendentes. O meu quadro tenta chamar a atenção para este fato e ainda procura criar curiosidade naqueles que desconhecem o assunto e isto sem a necessidade de explicações expressas.”
ALFREDO VOLPI
Nascimento: Itália, 1896. Com um ano de idade veio para São Paulo.
Foi marceneiro e entalhador. Em 1911, tornou-se pintor decorador e começou a pintar madeiras e telas.
Em 1939, Volpi precisou morar por 3 anos em Itanhaém.
Sua produção inicial é figurativa, destacando-se as marinhas e as paisagens de Itanhaém. Volpi fazia suas próprias telas e tintas. Com o tempo, vai deixando de pintar ao ar livre e passa a criar dentro do atelier, a partir das lembranças da infância, as festas de rua do bairro onde morava.
Volpi vai se afastando do desenho. Deixa a pintura figurativa e se preocupa apenas com “forma, linha e cor...” Abandona a perspectiva tradicional. Os casarios passam a ser uma soma de formas geométricas em cores harmoniosas.
Suas obras mostram cada vez mais o estudo das fachadas com muita simplicidade, somente com a essência, sem muitos detalhes. Brincava com as formas, as cores, as bandeirinhas e mastros que enfeitavam as festas de São João. Em 1946, começa a pintar a série “Fachadas”.
Morreu em 1988, aos 92 anos de idade.
COLAGEM – BANDEIRINHAS
Material: um retângulo de papel color set preto, cartolina branca, régua, lápis, xerox coloridas de obras de arte, molde de bandeirinha, cola branca e tesoura.
Modo de fazer
Escolher obras de arte de vários pintores e fazer cópias coloridas das mesmas;
Com o molde da bandeirinha, risque no verso de cada xerox e recorte;
Cole essas “bandeirinhas” sobre a cartolina branca;
Recorte, deixando uma moldura de 0,5 cm;
Cole as bandeirinhas sobre o papel color set preto, dispondo-as como a obra “As Bandeirinhas”, de Volpi.
VOLPI E O ABSTRACIONISMO
O abstracionismo é o processo que não resulta na representação de figuras, tais como casas, pessoas, vasos, árvores, paisagens. As composições abstratas estão presentes, em nosso cotidiano, nas padronagens de roupas, nos movimentos das artes, nas fachadas da arquitetura moderna etc. Muitos pintores chegaram à abstração a partir da observação de elementos figurativos (casas, flores, pessoas...).
· Conhecer o processo artístico e as obras do pintor ítalo-brasileiro Alfredo Volpi;
· Introduzir o estudo das cores: primárias, secundárias e terciárias, através da prática visual de Volpi;
· Noção de suportes (parede, tela e outros), já que Volpi iniciou como pintor de parede, passando depois, para telas;
· Pesquisar sobre a obra de Volpi; fazer um levantamento de suas pinturas;
· Observar o uso que Volpi faz de linhas horizontais, verticais e de formas geométricas;
· Identificar formas geométricas em jornais, revistas, camisetas, tecidos e embalagens;
· Fazer um levantamento na vizinhança da escola dos tipos de casas encontradas na comunidade e sua arquitetura. Desenhá-las tornando-as abstratas.
JOAN MIRÓ
Nasceu em Barcelona, na Espanha, em 1893. Cursou a Escola de Belas Artes de sua cidade e a Academia de Gali.
Miro foi pressionado a fazer cursos que o capacitassem para o comércio. O resultado dessa pressão foi sua desistência de estudar. Foi trabalhar no comércio e teve uma profunda depressão, necessitando de tratamento de saúde.
Embora seja classificado como surrealista, sua linguagem parece dotada de uma simplicidade mais infantil que não caracteriza exatamente os surrealistas.
Durante os seus estudos de arte, por orientação dos seus professores, treinava desenhar objetos que conhecia apenas através do tato. De olhos vendados, lhe era dado um objeto e depois então o desenhava para libertar-se da aparência real das coisas. Também treinava pintando paisagens gravadas na mente. Ia a um lugar, observava, e depois voltava para o atelier para produzir.
Miro deixou-se influenciar prazerosamente por todas as correntes de arte com que tomou contato. Influências cubistas, surrealistas e abstracionistas, por exemplo, são percebidas em seus trabalhos.
Miró alternou fases de dificuldade financeira intensa com fases de prosperidade, mas aos poucos foi afirmando-se como um artista de primeira linha.
Em seus quadros, tudo é mostrado unicamente através de traços, símbolos e sugestões.
Já no final de sua carreira reduziu os elementos de sua linguagem artística a pontos, linhas, alguns símbolos, e reduziu a cor, passando a usar basicamente o branco e o preto ou simplesmente joga tinta preta sobre as telas depois de pintadas e deixa escorrer.
Morreu em 1983, na Espanha.
ATIVIDADES A PARTIR DA OBRA “CONSTELAÇÃO: A ESTRELA DA MANHÔ, de Miró.
(Fazendo Arte com os Mestres - página 32)
ISOPOGRAVURA inspirada em Miró:
Pegue uma bandeja de isopor (aquelas de mercado, que embalam carnes e legumes) e corte as laterais (usaremos apenas a base);
Faça um desenho (estilo Miró) ou parte da obra “Constelação”;
Com lápis ou caneta, marque todas as linhas, afundando, mas sem vazar;
Passe tinta guache sobre a bandeja toda (com rolinho ou pincel grosso);
Coloque uma folha de papel ofício A4 sobre a bandeja pintada e depois pressione levemente com as mãos;
Tire a folha de papel ofício; a imagem estará impressa nela;
Cole uma moldura recortada em papel color set sobre a isopogravura.
Ficou fofo!
PORTA-TRECOS DE MADEIRA PARA O DIA DOS PAIS.
Material
Porta-trecos com várias divisões;
Base acrílica para artesanato;
Tinta acrílica (várias cores);
Pincéis;
Tinta relevo preta (opcional);
Como fazer
Estude as obras e jeito de pintar de Miro;
Passe a base acrílica para artesanato em toda a peça;
Pinte várias formas de várias cores com a tinta acrílica;
Com tinta relevo preta, contorne as formas e faça linhas ao estilo Miro.
MIRÓ NO FUNDO PRETO COM GIZ DE CERA BRANCO
Material: papel preto, lápis de cor branco(esboço), giz de cera branco e verniz fosco.
Como fazer
Observe as formas e linhas das obras de Miró;
Faça o seu desenho inspirado nas obras do pintor, utilizando lápis de cor branco (esboço) sobre o papel preto;
Com o giz de cera branco, reforce seu desenho;
Passe o verniz fosco spray sobre sua obra para fixar o giz de cera e proteger o trabalho.
WASSILY KANDINSKY
Nascimento: 1886, em Moscou, na Rússia. Foi educado pela tia, em função do divórcio dos pais. Queria ser músico, no entanto formou-se em direito e em economia política. Aos trinta anos ficou encantado com um quadro de Monet, abandonou a carreira jurídica e dedicou-se às artes.
Seus primeiros trabalhos exprimiam a musicalidade e o folclore russo.
No início, Kandinsky pintava, com pinceladas pequenas, cenas do cotidiano, cidades, parques, etc.. Quando separou-se da primeira esposa (casamento que durou 3 anos), continuou pintando os mesmos temas, mas de forma bem diferente. Algumas partes das obras são verdadeiros amontoados de manchas com cores vibrantes e contrastantes.
Seu único filho, do segundo casamento, morreu com dois anos de idade. Esse fato fez com que Kandinsky entrasse em tristeza profunda. Começou a pintar com manchas, riscos, borrões, com cores escuras, com formas fragmentadas, dando a impressão que queria quebrar ou destruir o que via pela frente.
Aos poucos voltou a colorir as telas com cores vibrantes e quentes, organizando as linhas, juntando formas, sobrepondo, montando maravilhosas e inéditas composições plásticas.
Tornou-se cidadão alemão em 1928. Em 1937, seus quadros foram confiscados pelos nazistas. Morreu na França, em 1944.
(Livro “Fazendo Artes com os Mestres” – páginas 31 e 33; 35-37, 39)
PAUL CÉZANNE
Nasceu em 19 de janeiro de 1839, na França. O pai era banqueiro, autoritário e não aceitava a idéia do filho ser artista (queria que fosse advogado). Contemporâneo e amigo do escritor Emile Zola, até que este publicou o romance “A Obra” (1886), no qual o personagem principal é um artista fracassado com pensamentos e personalidade semelhantes aos de Cézanne.
Traços de personalidade: instabilidade emocional, irritadiço, tímido, mal humorado, com tendências ao isolamento, anti-social, depressivo.
Por várias vezes foi recusado no Salão Oficial, além de ser reprovado nos exames de ingresso nas Escolas de Belas Artes de Paris.
Na sua época, em Paris, não havia espaço para pintores inovadores.
Afirmava que “tudo na natureza se modela com a esfera, o cone e o cilindro.”
Morreu em 1906, vítima de pneumonia. Era diabético.
ARTE AFRO-BRASILEIRA
O patrimônio artístico-cultural de um povo expressa-se na arquitetura, pintura, escultura e outras formas de manifestações.
Desde o século XVI, os africanos e seus descendentes contribuíram para o desenvolvimento das artes plásticas do Brasil. Iniciaram como aprendizes no trabalho de construção de igrejas e monumentos religiosos, tornando-se, depois, verdadeiros artistas, esculpindo imagens religiosas e entalhes no interior das igrejas com pinturas a ouro. Na arte brasileira, é importante o registro da contribuição dos afro-descendentes Mestre Valentim e Aleijadinho.
MINHA ARTE DIZ QUEM SOU
O que já sei sobre herança afro?
Onde estão minhas raízes?
Que caminho percorremos?
Leitura de imagem: Navio Negreiro.
Filme: Kiricu e a Feiticeira
Música: Sonorizar as aulas com música afro
Painel: Personalidades que lutaram contra desigualdades social e racial
Imagens: Debret e Verget
Museu: Casa do Pontal
Oficina de pintura: retratar nossas refeições, nossos hábitos, nossas roupas, nossas brincadeiras.
MESTRE DIDI
Nasceu na Bahia. É considerado um elo entre Brasil e África. Seu saber foi construído na existência vivida nas comunidades religiosas afro-brasileiras. Foi considerado um dos mais importantes escritores da tradição nagô. Foi artista plástico e sacerdote do culto africano aos ancestrais, na Bahia. Seus textos traduzem uma preocupação constante com a divulgação das tradições africanas, preservando a narrativa recebida dos antepassados.
HEITOR DOS PRAZERES
(A África Está Em Nós – volume 2 - página 57)
Nasceu no Rio de Janeiro (1898-1966). Pintor e Sambista. Descobriu a pintura em 1937, para enfeitar a parede, como diria mais tarde. Sua arte apresenta uma visão simples e ingênua de um mundo ideal, onde retrata gente de toda cor participando fraternalmente de uma mesma atividade.
O BATUQUE
O batuque com ritmo enérgico e dançante, comum aos blocos carnavalescos baianos, tem sua origem na música africana.
OLODUM
A música da Olodum é anunciadora de um movimento de cidadania negra urbana, baseada nos rituais da tradição dos candomblés, da capoeira e dos quilombos, é a música dos iorubás, dos ibós, dos geges, dos negros africanos que vieram do Golfo da Guiné, da Costa Ocidental e da Baía de Luanda (Angola).
ILÊ AIÊ
Bloco carnavalesco baiano, que tem como principal objetivo difundir a cultura de origem africana no Brasil. No carnaval, o bloco apresenta músicas que resgatam a história e a cultura negras, com letras que afirmam a negritude, e, muitas vezes, fazendo a exaltação de líderes que lutaram ou lutam pela causa afro-brasileira.
AFOXÉ
Cortejo carnavalesco de adeptos da tradição dos orixás, que cantam canções do candomblé.
OS FILHOS DE GANDHI
Afoxé fundado em 1949 por um grupo de estivadores do porto de Salvador, que resolveu homenagear Gandhi, líder indiano pioneiro da política da não-violência. Este bloco cresceu muito e hoje sai às ruas com mais de quatro mil homens, todos vestidos de branco, ou de uma outra cor muito suave, formando ao desfilar um tapete da paz.
SÍMBOLOS AFRICANOS
(A África Está Em Nós – volume 1 – páginas 41 a 47)
Entre as inúmeras e variadas tradições africanas, encontram-se os sistemas de símbolos gráficos. Estes símbolos são usados em diversas expressões artísticas: fachadas residenciais, estamparias, telas, cestarias, sianinhas, máscaras, etc..
Um desses sistemas africanos de símbolos gráficos é o adincra (dizendo adeus). Para o povo axanti, de Gana, adincra é um tecido.
FAZENDO UM TECIDO ADINCRA
Material: esponja ou cortiça, tinta guache, pote raso para colocar a tinta, papel ofício, jornais velhos, um pedaço de pano branco.
Escolher o pano desejado;
Esculpir o desenho do símbolo escolhido na esponja ou na cortiça;
Derramar tinta no pote de plástico raso;
Colocar jornais embaixo do papel ofício;
Estampar os desenhos em várias linhas retas na folha de papel (pode traçar as linhas a lápis, fraco).
OFICINA DE MÁSCARAS EM ARGILA
Apresentar vários modelos de máscaras africanas para que cada aluno ou grupo (conforme disponibilidade de material, escolha um);
Moldar a máscara;
Queimar num forno (pode ser improvisado fora da escola com uma lata e pó de serragem) ou deixar secar naturalmente, se a queima for inviável;
Pintar a máscara;
Providenciar suportes para a exposição (quadrados de madeirite ou azulejos);
Fixar as máscaras nos suportes com durepox;
Enfeitar a máscara (cabelos e outros apetrechos).
FOLCLORE
Folclore é um conjunto das tradições, conhecimentos ou crenças populares expressas em provérbios, canções, lendas, culinária, etc..
O folclore brasileiro está entre os mais ricos do mundo e é o resultado da mistura de culturas do índio, do português e do africano. É rico em lendas, canções, danças, provérbios, contos, festas, trajes, etc..
MANIFESTAÇÕES FOLCLÓRICAS
· Sabedoria popular ou “ciência do povo”: plantio de acordo com as fases da Lua; misturas de alimentos que se tornam “perigosas” (manga com leite), ditos que regulam a vida, etc..
· Artes plásticas: pinturas, esculturas (figurinhas, carrancas), cerâmica, gravações em couro, madeira, metal, artesanato.
· Teatro: autos e representações diversas, como: malhação de Judas, cavalhadas, casamento caipira, enredos das escolas de samba...
· Música: cantigas de roda, desafios, modinhas, instrumentos musicais, acalantos, pregões, canções de trabalho...
· Dança: frevo, maracatu, maxixe, catererê, samba...
· Manifestações religiosas: culto dos santos protetores e fórmulas para afastar os maus espíritos.
· Festas religiosas: São Gonçalo, Santa Cruz, Reisado.
· Mitos e lendas: saci-pererê, lobisomem, mula-sem-cabeça.
· Crendices e superstições: simpatias, benzeduras, maus-olhados.
· Técnicas: cuidados com os animais (boiada), modo de salgar a carne (charqueada), modo de cultivar a roça, técnicas para o fabrico de rendas, de artefatos de palha.
· Alimentação: comidas, bebidas e temperos.
· Medicina: chás de ervas, ungüentos, essências, cozimentos.
· Brinquedos e jogos: pipa ou papagaio, cabra-cega, pular corda, capoeira.
· Trajes: roupas típicas de cada região, de determinadas profissões, trajes especiais para determinadas festas.
BUMBA-MEU-BOI
A origem do bumba-meu-boi no Brasil está ligada aos africanos que viviam nos engenhos e nas fazendas nas últimas décadas do século XVIII, e a elementos orientais e europeus. O fato é que o “boi brasileiro” é uma rica manifestação folclórica. É o folguedo mais conhecido e dançado. O bumba-meu-boi apresenta uma interessante e lúdica história: “Quando a Mãe Catirina fica grávida, ela só tem um desejo: comer a língua e o coração de um boi. Como na casa de Mãe Catirina não tem boi, seu marido sai procurando um. O primeiro que encontra, ele mata. Só que, antes que Mãe Catirina realize seu desejo, aparece o dono do boi e fala que ele era de estimação, fica fulo da vida e quer seu boi vivo outra vez, custe o que custar. Então, sai todo mundo procurando um médico ou curandeiro para ressuscitar o boi. E assim que é ressuscitado, começam as brincadeiras em torno dele. Todos cantam, dançam, e o boi faz investidas contra pessoas que estão por perto e que, por um motivo ou outro, não são de sua simpatia.”
O bumba-meu-boi também é conhecido como: boi-bumbá, boi jardineira, boi-jacá, boi-de-reis, boi de Mariquinha, boi-de-mamão, boi, boizinho, boi calemba, reis-de-boi e cavalo-marinho.
OS MOVIMENTOS EUROPEUS DE VANGUARDA
A ruptura com o passado e a pesquisa de novos meios de expressão são marcas registradas da arte no início do século XX. A ânsia de buscar novos caminhos explica o aparecimento de vários movimentos, principalmente nas artes plásticas e na literatura.
CUBISMO
O movimento cubista teve início na França, em 1907, com o quadro Lês demoiselles d´Avignon, do pintor espanhol Pablo Picasso. A partir de então, em torno de Picasso e do poeta francês Apollinaire formou-se um grupo de artistas que cultivariam as técnicas cubistas até o término da Primeira Guerra Mundial, em 1918.
A convivência entre escritores e artistas plásticos desse grupo favoreceu uma rica troca de idéias e técnicas, de modo que os poetas assimilavam técnicas pictóricas e, os pintores, idéias filosóficas e poéticas.
Na PINTURA, as principais características cubistas são:
Oposição à objetividade e à linearidade da arte realista e da renascentista;
Decomposição dos objetos representados em diferentes planos geométricos e ângulos retos.
Na LITERATURA: fragmentação da realidade, ilogismo, humor, instantaneísmo, linguagem mais ou menos caótica e fragmentada, como no texto HÍPICA (a seguir), de Oswald de Andrade:
Saltos records
Cavalos da Penha
Correm jóqueis de Higienópolis
Os magnatas
As meninas
E a orquestra toca
Chá
Na sala de cocktails
Figuras Geométricas
Material necessário: retalhos de papéis coloridos (papel dobradura, collor set, laminado, cartão), tesoura, cola.
Recortar várias figuras geométricas de retalhos de papéis coloridos (mais ou menos cinco peças de cada uma);
Montar, num painel, um cenário,utilizando as figuras geométricas como personagens;
Criar uma história a partir do painel.
OUTRA ATIVIDADE COM FORMAS GEOMÉTRICAS
Construção de uma imagem bem colorida com quadrados e triângulos. Dentro de cada triângulo, pode ser colocada outra forma geométrica.
FUTURISMO
Em 1909, no jornal parisiense Le Figaro, o italiano Filippo Tommasio Marineti publica o Manifesto Futurista, que surpreende os meios culturais europeus pelo caráter violento e radical de suas propostas.
Muito mais do que por obras, o movimento difunde-se por meio de manifestos (mais de trinta) e conferências, tendo sendo a frente a figura de seu líder, Marinetti.
Algumas propostas do manifesto de 1909:
Tendo a literatura até aqui enaltecido a imobilidade pensativa, o êxtase e o sono, nós queremos exaltar o movimento agressivo, a insônia febril, o passo ginástico, o salto mortal, a bofetada e o soco;
Nós declaramos que o esplendor do mundo se enriqueceu com uma beleza nova: a beleza da velocidade (do automóvel);
Nós queremos glorificar a guerra – única higiene do mundo -, o militarismo, o patriotismo, o gesto destrutor dos anarquistas, as belas idéias que matam e o menosprezo à mulher;
Nós queremos demolir os museus, as bibliotecas, combater o moralismo, o feminismo e todas as covardias oportunistas e utilitárias.
Na PINTURA futurista são comuns elementos que sugerem a velocidade e o mecanicismo da vida moderna.
Na LITERATURA: destruição da sintaxe, disposição das palavras em liberdade, substantivo duplo, abolição da pontuação, que seria substituída por sinais matemáticos e musicais.
EXPRESSIONISMO
Surgiu em 1910, na Alemanha, voltado para a manifestação ou expressão do mundo interior. Apresenta um enfoque contrário ao Impressionismo, que valoriza a impressão, ou seja, um movimento de fora para dentro, uma forma subjetiva de perceber a realidade.
O impressionismo tomava a natureza pelo seu aspecto passageiro e traduzia-o em termos óticos, efeitos de luz e cor, como em várias obras de Cézzanne.
No Expressionismo valoriza-se a expressão, isto é, o modo como forma e conteúdo livremente se unem para dar vazão às sensações do artista no momento da criação. Essa liberdade expressiva assemelha-se à das “palavras em liberdade” dos futuristas.
Durante e depois da Primeira Guerra, o expressionismo assumiu um caráter mais social e combativo, interessando-se pelos horrores da guerra, pelas condições de vida desumanas das populações carentes, etc..
O Expressionismo valoriza a materialização, numa tela ou numa folha de papel, de imagens nascidas no mundo interior do artista, pouco importando os conceitos de belo e feio. Desenvolveu-se, principalmente, na PINTURA, dando continuidade a um trabalho iniciado por Van Gogh (caricatura).
Na pintura expressionista brasileira, o principal nome é Anita Malfati.
Principais propostas do Expressionismo:
A arte não é imitação, mas criação subjetiva, livre. A arte é expressão dos sentimentos;
A realidade que circunda o artista é horrível, por isso ele a deforma ou a elimina, criando a arte abstrata;
A razão se torna objeto de descrédito;
A arte é criada sem obstáculos convencionais, o que representa um repúdio à repressão social.
Na LITERATURA: linguagem fragmentada, elíptica; aglomerados de substantivos e adjetivos, sem verbos e sem sujeito; despreocupação formal: sem rimas, sem estrofes, sem musicalidade; ideologicamente, os poetas expressionistas visavam combater a fome, a inércia e os valores do mudo burguês.
DADAÍSMO
Criado em 1916 por um grupo de refugiados de guerra, em Zurique, na Suíça. É o mais radical dos movimentos de vanguarda.
A palavra dada, escolhida ao acaso para batizar o movimento, nada significa.
Os dadás entendem que, enquanto a Europa se banha em sangue, o cultivo da arte não passa de hipocrisia e presunção. Por isso é preciso ridicularizá-la, agredi-la, destruí-la.
Muitas são as “atitudes demolidoras” dos dadaístas a partir de 1916:
Noitadas em que predominam palhaçadas, declamações absurdas, exposições inusitadas;
Espetáculos-relâmpago que faziam de improvisação nas ruas, em meio a urros, vaias, gritos, palavrões e à total incompreensão da platéia.
“Dadá permanece no quadro europeu das fraquezas, no fundo é tudo merda, mas nós queremos doravante cagar em cores diferentes para ornar o jardim zoológico da arte de todas as bandeiras dos consulados.”
Na LITERATURA: agressividade, improviso, desordem, escrita automática, invenção de palavras com base na exploração apenas do seu significante, negação do passado, do presente e do futuro, pouca importância ao leitor.
“Eu escrevo um manifesto e não quero nada....”
“Que cada homem grite. Há um grande trabalho destrutivo, negativo, a executar. Varrer, limpar...”
Receita de Poema Dadaísta
Tristan Tzara
Pegue um jornal.
Pegue a tesoura.
Escolha no jornal um artigo do tamanho que você deseja dar a seu poema.
Recorte o artigo.
Recorte em seguida com atenção
Algumas palavras que formam esse artigo
e meta-os num saco.
Agite suavemente.
Tire em seguida cada pedaço um após o outro.
Copie conscienciosamente na ordem em que
as palavras são tiradas do saco.
O poema se parecerá com você.
E ei-lo um escritor infinitamente original
e de uma sensibilidade graciosa,
ainda que incompreendido do público.
Poema Fonético: A BATALHA
Ludwig Kassak
Berr... bum, bumbum, bum...
Ssi... bum, papapa bum, bumm
Zazzau... Dum, bum, bumbumbum
Prã, prã, prã, ... ra, hã-hã, aa...
Hahol...
SURREALISMO
Teve início na França a partir da publicação do Manifesto do Surrealismo (1924), de André Breton. Diversos pintores aderem ao movimento, interessados nas propostas artísticas de Breton, ligadas ao subconsciente e à psicanálise (André Breton era psicanalista).
Dois são os aspectos que marcam o Surrealismo em seu início: as experiências criadoras automáticas e o imaginário extraído do sonho.
O automatismo artístico consiste em extravasar diretamente os impulsos criadores do subconsciente, sem qualquer controle da razão ou do pensamento. Significa pôr na tela ou no papel os desejos interiores profundos, sem se importar com coerência, significados, adequação.
Nessas duas linhas de pesquisa e trabalho, são freqüentes certas atitudes surrealistas, como:
ilogismo;
devaneio;
sonho;
loucura;
hipnose;
humor negro;
imagens violentas;
impacto do inusitado.
Pré-História
Murilo Mendes
Mamãe vestida de rendas
Tocava piano no caos.
Uma noite abriu as asas
Cansado de tanto som,
Equilibrou-se no azul,
De tonta não mais olhou
Para mim, para ninguém!
Cai no álbum de retratos.
A SEMANA DE ARTE MODERNA: 1922
A Semana de Arte Moderna foi o marco inicial do Modernismo brasileiro. Idealizada por um grupo de artistas, a Semana pretendia colocar a cultura brasileira a par das correntes de vanguarda do pensamento europeu, ao mesmo tempo em que pregava a tomada de consciência da realidade brasileira.
A Semana não foi apenas um movimento artístico, mas também político e social. Constitui-se no “brado coletivo” do movimento modernista, já enraizado em várias obras, artigos e manifestos desde 1917.
Quando a Europa vivia seu último movimento de vanguarda, o Surrealismo, abriu-se ao público brasileiro o saguão do Teatro Municipal de São Paulo, nas noites de 13, 15 e 17 de fevereiro de 1922, para uma série de apresentações, onde vários artistas mostravam obras com uma nova linguagem, afinada com as correntes estéticas do começo do século.
A Semana de Arte Moderna tornou-se possível graças ao apoio financeiro dos fazendeiros de café, uma contradição, já que um dos objetivos do evento era “assustar a burguesia que cochila na glória de seus lucros.”
A Emoção Estética na Arte Moderna (Graça Aranha, na abertura da Semana):
“Para muitos de vós a curiosa e sugestiva exposição que gloriosamente inauguramos hoje é uma aglomeração de “horrores”. Aquele gênio supliciado, aquele homem amarelo, aquele carnaval alucinante, aquela paisagem invertida, se não são jogos da fantasia de artistas zombeteiros, são seguramente desvairadas interpretações da natureza e da vida. Não está terminado o vosso espanto. Outros “horrores” vos esperam. Daqui a pouco, juntando-se a esta coleção de disparates, uma poesia liberta, uma música extravagante, mas transcendente, virão revoltar aqueles que reagem movidos pelas forças do passado.”
“Queremos luz, ar, ventiladores, aeroplanos, reivindicações obreiras, idealismos, motores, chaminé de fábricas, sangue, velocidade, sonho, na nossa Arte!” (Menotti del Picchia – 2ª noite)
Repercussão na Imprensa da Época
“Foi como se esperava, um notável fracasso a récita de ontem na pomposa Semana de Arte Moderna, que melhor e mais acertadamente deveria chamar-se Semana de Mal – às Artes.” (Folha da Noite – 16.02.22)
“A Semana de Arte Moderna está para acabar. É pena, porque, com franqueza, se do ponto de vista artístico aquilo representa o definitivo fracasso da escola futurista, como divertimento foi insuportável.” (Jornal do Commercio – 18.02.22)
“As colunas da secção livre deste jornal estão a disposição de todos aqueles que, atacando a Semana de Arte Moderna, defendam nosso patrimônio artístico.” (O Estado de São Paulo)
NEO-IMPRESSIONISMO / PONTILHISMO
No século XIX, surgiu, na França, uma corrente de pintores chamados neo-impressionistas: utilizaram como elemento base de suas pinturas: o ponto.
Esse movimento é baseado na sistematização científica de leis ópticas, segundo as quais, na visão, a forma e a cor são compostas de luz e outros elementos. Os pontilhistas têm como base assegurar nas pinturas benefícios como luminosidade, harmonia e coloração por meio da mistura óptica de cores puras, equilíbrios desses elementos e suas proporções.