segunda-feira, 22 de março de 2021

A ARTE AFRICANA NA HISTÓRIA

 

Podemos dizer que os africanos conseguiram produzir uma arte bastante livre, mas ainda assim preservando o rigor que suas tradições exigiam em busca de um entendimento da espiritualidade e ancestralidade.

A história da arte africana originou-se no período pré-histórico, quando a humanidade ainda não havia inventado a escrita.

Suas esculturas mais antigas encontradas, datam de 1.500 a.C., e foram produzidas pela cultura Nok, na região onde hoje se localiza a Nigéria.

Na África subsaariana, o povo Igbo Ukwu realizou belos trabalhos em metais, principalmente bronze, além de utilizar a terracota, marfim e pedras preciosas.

Mas o material mais utilizado pelos povos africanos certamente foi a madeira, com a qual produziram máscaras e esculturas.

Infelizmente, grande parte dessas peças se perdeu, devido às intempéries climáticas e também por conta da intolerância religiosa por parte dos muçulmanos e cristãos, que entraram em contato com essas civilizações e destruíram parte de seus acervos culturais.

 

MÁSCARAS AFRICANAS

As máscaras são recorrentes na maior parte dos povos da África.

Nas várias culturas que lá existem, elas fazem parte do universo artístico e expressivo, além de serem fortes elementos de conexão entre os seres humanos e o mundo espiritual.

Elas foram e são produzidas, na maior parte das vezes, como instrumento de rituais, de maneira que se tornam também disfarces, representações de deuses, de forças da natureza, antepassados e de seres de outro mundo, além de animais.

Outra ponto importante é o fato dessas peças serem criações de uma pessoa especial na comunidade. Lá, os artistas têm a responsabilidade de produzir máscaras que representem toda a coletividade, e não apenas os anseios e inspirações individuais, como no Ocidente.

 

A INFLUÊNCIA DA ÁFRICA NA ARTE MODERNA

No final do século XIX e início do século XX, novas bases para a arte ocidental estavam sendo criadas, as chamadas vanguardas europeias.

Alguns artistas se depararam nesse período com a arte produzida pelos povos africanos e ficaram impactados, incorporando assim elementos afros em suas produções.

O artista que usou a arte africana mais intensamente foi o espanhol Pablo Picasso. Esse pintor incluiu referências diretas dessa arte em suas obras, sobretudo de máscaras tribais.

Picasso foi um dos responsáveis pela criação do movimento cubista, que fragmentava as figuras, trazendo uma nova maneira de enxergar o mundo e representá-lo.

Mas antes da fase cubista, o pintor esteve mergulhado em inspirações da arte da África e produziu muitas obras com alusões africanas, o que o auxiliou a chegar às bases do cubismo.

Certamente, o que impressionou os europeus foi a liberdade, imaginação e capacidade dos povos africanos de relacionar o universo profano com o sagrado, o que foi ao encontro dos interesses dos modernistas.

 

ARTE AFRICANA EM MUSEUS EUROPEUS

Em 2018, foi elaborado um documento que propõe que os museus franceses deverão devolver o acervo artístico e cultural dos povos africanos para seu continente de origem. Isso porque, a maior parte das peças de arte africanas encontra-se em museus na Europa, pois foram levadas da África pelos povos colonizadores.

Estipula-se um período de cinco anos para que esse patrimônio volte aos seus países de forma temporária ou permanente.

 

ARTE AFRICANA CONTEMPORÂNEA

Quando falamos em "arte africana" normalmente pensamos na história da arte africana e nos artefatos produzidos pelas comunidades tribais há muitos anos.

 

Entretanto, assim como no resto do mundo, a África continua produzindo arte e possui também artistas contemporâneos com produções que trazem enorme contribuição para o mundo atual.

Alguns nomes de destaque, suas nacionalidades e linguagens artísticas, são:

 

Zanele Muholi (África do Sul) - fotografia

Bili Bidjocka (Camarões) - instalações e vídeo

George Osodi (Nigéria) - fotografia

Kader Attia (Argélia) - fotografia e outros meios

Kudzanai Chiurai (Zimbábue) - fotografia, audiovisual e pintura

Kemang Wa Lehulere (África do Sul) - várias linguagens

Guy Tillim (África do Sul) - fotografia, documentário

Tracey Rose (África do Sul) - performance, fotografia

Aïda Muluneh (Etiópia) – fotografia

 

CARACTERÍSTICAS DA CULTURA AFRO-BRASILEIRA

Uma das principais características da cultura afro-brasileira é que não há homogeneidade cultural em todo território nacional.

A origem distinta dos africanos trazidos ao Brasil forçou-os a apropriações e adaptações para que suas práticas e representações culturais sobrevivessem.

Assim, é comum encontrarmos a herança cultural africana representada em novas práticas culturais.

As manifestações, rituais e costumes africanos eram proibidos. Só deixaram de ser perseguidos pela lei na década de 1930, durante o Estado Novo de Getúlio Vargas.

Assim, elas passaram a ser celebradas e valorizadas, até que, em 2003, é promulgada a lei nº 10.639 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação).

Essa lei exigiu que as escolas brasileiras de ensino fundamental e médio tenham em seus currículos o ensino da história e cultura afro-brasileira.

 

Os dois grupos de maior destaque e influência no Brasil são:

- os Bantos, trazidos de Angola, Congo e Moçambique.

- os Sudaneses, oriundos da África ocidental, Sudão e da Costa da Guiné.

Devemos ressaltar que as regiões mais povoadas com a mão de obra africana foram: Bahia, Pernambuco, Maranhão, Alagoas, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Espírito Santo, São Paulo e Rio Grande do Sul.

Isso devido à grande quantidade de escravos recebidos (região Nordeste) ou pela migração dos escravos após o término do ciclo da cana-de-açúcar (região Sudeste).

De partida, temos de frisar que a cultura afro-brasileira é parte constituinte da memória e da história brasileira. Ela compõe os costumes e as tradições: a mitologia, o folclore, a língua (falada e escrita), a culinária, a música, a dança, a religião, enfim, o imaginário cultural brasileiro.

 

https://www.todamateria.com.br/

 

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