Podemos dizer que os africanos conseguiram produzir uma arte bastante livre, mas ainda assim preservando o rigor que suas tradições exigiam em busca de um entendimento da espiritualidade e ancestralidade.
A história da arte africana
originou-se no período pré-histórico, quando a humanidade ainda não havia
inventado a escrita.
Suas esculturas mais antigas
encontradas, datam de 1.500 a.C., e foram produzidas pela cultura Nok, na
região onde hoje se localiza a Nigéria.
Na África subsaariana, o
povo Igbo Ukwu realizou belos trabalhos em metais, principalmente bronze, além
de utilizar a terracota, marfim e pedras preciosas.
Mas o material mais
utilizado pelos povos africanos certamente foi a madeira, com a qual produziram
máscaras e esculturas.
Infelizmente, grande parte
dessas peças se perdeu, devido às intempéries climáticas e também por conta da
intolerância religiosa por parte dos muçulmanos e cristãos, que entraram em
contato com essas civilizações e destruíram parte de seus acervos culturais.
MÁSCARAS
AFRICANAS
As máscaras são recorrentes
na maior parte dos povos da África.
Nas várias culturas que lá
existem, elas fazem parte do universo artístico e expressivo, além de serem
fortes elementos de conexão entre os seres humanos e o mundo espiritual.
Elas foram e são produzidas,
na maior parte das vezes, como instrumento de rituais, de maneira que se tornam
também disfarces, representações de deuses, de forças da natureza, antepassados
e de seres de outro mundo, além de animais.
Outra ponto importante é o
fato dessas peças serem criações de uma pessoa especial na comunidade. Lá, os
artistas têm a responsabilidade de produzir máscaras que representem toda a
coletividade, e não apenas os anseios e inspirações individuais, como no
Ocidente.
A
INFLUÊNCIA DA ÁFRICA NA ARTE MODERNA
No final do século XIX e início do século XX, novas bases para a arte
ocidental estavam sendo criadas, as chamadas vanguardas europeias.
Alguns artistas se depararam
nesse período com a arte produzida pelos povos africanos e ficaram impactados,
incorporando assim elementos afros em suas produções.
O artista que usou a arte
africana mais intensamente foi o espanhol Pablo Picasso. Esse pintor incluiu
referências diretas dessa arte em suas obras, sobretudo de máscaras tribais.
Picasso foi um dos
responsáveis pela criação do movimento cubista, que fragmentava as figuras,
trazendo uma nova maneira de enxergar o mundo e representá-lo.
Mas antes da fase cubista, o
pintor esteve mergulhado em inspirações da arte da África e produziu muitas
obras com alusões africanas, o que o auxiliou a chegar às bases do cubismo.
Certamente, o que
impressionou os europeus foi a liberdade, imaginação e capacidade dos povos
africanos de relacionar o universo profano com o sagrado, o que foi ao encontro
dos interesses dos modernistas.
ARTE
AFRICANA EM MUSEUS EUROPEUS
Em 2018, foi elaborado um
documento que propõe que os museus franceses deverão devolver o acervo
artístico e cultural dos povos africanos para seu continente de origem. Isso
porque, a maior parte das peças de arte africanas encontra-se em museus na
Europa, pois foram levadas da África pelos povos colonizadores.
Estipula-se um período de
cinco anos para que esse patrimônio volte aos seus países de forma temporária
ou permanente.
ARTE
AFRICANA CONTEMPORÂNEA
Quando falamos em "arte africana" normalmente
pensamos na história da arte africana e nos artefatos produzidos pelas
comunidades tribais há muitos anos.
Entretanto, assim como no
resto do mundo, a África continua produzindo arte e possui também artistas
contemporâneos com produções que trazem enorme contribuição para o mundo atual.
Alguns nomes de destaque,
suas nacionalidades e linguagens artísticas, são:
Zanele
Muholi (África do Sul) - fotografia
Bili
Bidjocka (Camarões) - instalações
e vídeo
George
Osodi (Nigéria) - fotografia
Kader
Attia (Argélia) - fotografia
e outros meios
Kudzanai
Chiurai (Zimbábue) - fotografia,
audiovisual e pintura
Kemang
Wa Lehulere (África do Sul) - várias linguagens
Guy
Tillim (África do Sul) - fotografia,
documentário
Tracey
Rose
(África do Sul) - performance,
fotografia
Aïda
Muluneh (Etiópia) – fotografia
CARACTERÍSTICAS
DA CULTURA AFRO-BRASILEIRA
Uma das principais
características da cultura afro-brasileira é que não há homogeneidade cultural
em todo território nacional.
A origem distinta dos
africanos trazidos ao Brasil forçou-os a apropriações e adaptações para que
suas práticas e representações culturais sobrevivessem.
Assim, é comum encontrarmos
a herança cultural africana representada em novas práticas culturais.
As manifestações, rituais e
costumes africanos eram proibidos. Só deixaram de ser perseguidos pela lei na
década de 1930, durante o Estado Novo de Getúlio Vargas.
Assim, elas passaram a ser
celebradas e valorizadas, até que, em 2003, é promulgada a lei nº 10.639 (Lei de Diretrizes e
Bases da Educação).
Essa lei exigiu que as
escolas brasileiras de ensino fundamental e médio tenham em seus currículos o
ensino da história e cultura afro-brasileira.
Os dois grupos de maior
destaque e influência no Brasil são:
- os Bantos, trazidos de Angola, Congo e Moçambique.
- os Sudaneses, oriundos da África ocidental, Sudão e da Costa da Guiné.
Devemos ressaltar que as
regiões mais povoadas com a mão de obra africana foram: Bahia, Pernambuco, Maranhão, Alagoas, Minas Gerais, Rio de Janeiro,
Espírito Santo, São Paulo e Rio Grande do Sul.
Isso devido à grande
quantidade de escravos recebidos (região Nordeste) ou pela migração dos
escravos após o término do ciclo da cana-de-açúcar (região Sudeste).
De partida, temos de frisar
que a cultura afro-brasileira é parte constituinte da memória e da história
brasileira. Ela compõe os costumes e as tradições: a mitologia, o folclore, a
língua (falada e escrita), a culinária, a música, a dança, a religião, enfim, o
imaginário cultural brasileiro.
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