O Futurismo é um dos
movimentos artísticos de vanguarda ocorridos na Europa do início do século XX. Ele surgiu em 1909, com a publicação do Manifesto
Futurista, de Filippo Tommaso Marinetti, em um contexto de tensão política
entre as grandes potências que antecedeu a Primeira
Guerra Mundial e de uma evidente evolução
tecnocientífica. Assim, o movimento é conhecido pelo seu radicalismo ao
propor a “destruição do passado”.
São características do
futurismo o anti-tradicionalismo e o
culto à guerra e à velocidade, principalmente. Esse movimento, na Europa,
foi representado por artistas como os pintores Umberto Boccioni, Carlo Carrà,
Giacomo Balla, Gino Severini e Luigi Russolo. No Brasil, ele foi responsável pelo surgimento do modernismo, que
assimilou o seu anti-tradicionalismo, com vistas à criação de uma arte nova e
libertária.
Contexto
histórico e origem do futurismo
O escritor Filippo Tommaso Marinetti (1876-1944) cultuava
a violência e a guerra, devido ao seu patriotismo
extremista. A partir de 1919, quando
se filiou ao Partido Nacional Fascista, passou a usar o movimento como
propaganda do fascismo.
Assim como os outros
movimentos de vanguarda, o Futurismo surgiu em uma época de tensão política
entre as superpotências mundiais — o que levou à Primeira Guerra Mundial — e de
grande desenvolvimento tecnológico nas áreas de comunicação e transporte, o que
permitiu a diminuição das distâncias e, portanto, favoreceu a velocidade nas comunicações. Desse
modo, esses dois fatores — tecnologia e
velocidade — foram influências essenciais no futurismo, mais do que em
outros movimentos de vanguarda.
Além disso, o advento da
Primeira Guerra Mundial mostrou que o Futurismo estava em consonância com o seu
tempo, pois, já no primeiro manifesto, o culto à guerra e à violência estava evidente.
Dessa maneira, a estética futurista, desde a sua fundação, mostrou ser um dos movimentos de vanguarda mais
radicais, dada a sua agressividade, que parecia extrapolar os limites
estéticos.
Características
do futurismo
Anti-tradicionalismo:
liberdade de criação, sem as amarras da arte acadêmica;
Defesa
da “higiene mental”: eliminar a “sujeira”, isto é, o pensamento
tradicional;
Renovação:
para construir algo novo é preciso destruir o que já existe;
Perspectiva
otimista, inspirada pela evolução tecnológica, em relação ao
futuro da humanidade;
Valorização
do heroico, grandioso e dinâmico;
Culto
à guerra e à violência;
Iconoclastia:
contrário a símbolos, convenções e tradições;
Exaltação
das máquinas: automóveis e aviões;
Culto
à velocidade e à tecnologia.
Futurismo
no Brasil
A importância do Futurismo
para a arte brasileira está na sua perspectiva radical de quebra com a tradição
e consequente valorização da liberdade de criação, base do modernismo
brasileiro. Portanto, esse movimento de vanguarda de origem europeia foi a
principal influência para a criação do nosso Modernismo. No entanto, não houve, no Brasil, uma estética
futurista, isto é, pinturas, esculturas ou textos literários com
características definidoras desse movimento.
Mário
de Andrade (1893-1945) foi o responsável pela adoção do termo “modernismo” para definir a nova estética
que estava sendo construída no país. Até
então, os artistas de vanguarda brasileiros estavam sendo chamados de
“futuristas”. Mas a importação desse termo não condizia com a visão
nacionalista dos modernistas brasileiros, que buscavam definir uma identidade
nacional. Apesar disso, a imprensa do
país, naquele momento, parecia não entender a diferença entre modernismo e
futurismo, e tratava os dois movimentos como uma coisa só, tamanha era a força
dessa influência.
No entanto, entre os
artistas modernistas brasileiros da década de 1920, houve grande preocupação em
rejeitar qualquer vínculo direto com a estética futurista, o que muito tem a
ver com uma postura ideológica de oposição
ao fascismo que Marinetti representava. Assim, com exceções como Graça Aranha
(1868-1931), Ronald de Carvalho (1893-1935) e Manuel Bandeira (1886-1968), que
recepcionaram Marinetti em sua primeira palestra no Brasil em 1926, outros
modernistas preferiram manter distanciamento do criador do futurismo.
Essa origem futurista do movimento
modernista no Brasil, contudo, não pode ser negada e se deve, também, ao
contexto histórico em que estava inserida a cidade de São Paulo, berço do
modernismo brasileiro, no início do século XX. A cidade era uma metrópole em
ascensão, em processo de modernização, industrialização e urbanização. Nada
mais natural que a estética futurista, que valorizava a tecnologia e a
mecanização, conquistasse a simpatia dos artistas da época.
Em conclusão, a estética
futurista não teve representatividade nas artes visuais brasileiras. Na
literatura, sua influência principal está na estrutura do texto, construído a
partir da liberdade formal. Assim, todos os autores dos textos modernistas da
primeira geração trazem em suas obras essa perspectiva libertária do futurismo,
como bem ilustra o poema “Poética”,
do livro Libertinagem (1930), de Manuel Bandeira, que defende essa liberdade em
seu conteúdo e a demonstra em sua estrutura, construída com versos livres (sem
métrica e sem rima):
Poética
Estou farto do lirismo
comedido
Do lirismo bem-comportado
Do lirismo funcionário
público com livro de ponto expediente protocolo e manifestações de apreço ao
sr. diretor
[...]
Quero antes o lirismo dos
loucos
O lirismo dos bêbedos
O lirismo difícil e pungente
dos bêbedos
O lirismo dos clowns de
Shakespeare
— Não quero mais saber do
lirismo que não é libertação.
O
DADAÍSMO
Dadaísmo foi
um dos movimentos de vanguarda do início
do século XX. Seu nome é derivado da palavra dadá, que pode ter múltiplos significados e não significar coisa alguma. Surgiu em 1916, durante a Primeira Guerra Mundial, como um movimento de
contestação aos valores culturais. Contrário à racionalidade e à arte
acadêmica, privilegiou o nonsense (ausência
de significado) e defendeu a arte
espontânea.
Contexto
histórico do Dadaísmo
No início do século XX,
havia um clima de tensão entre as
grandes potências europeias, gerado pela política de expansão
neocolonialista iniciada no século anterior. O sentimento de nacionalismo, desenvolvido durante o
século XIX, era usado agora para alimentar, em cada nação, a crença em sua
superioridade em relação a qualquer outra.
Como consequência de tal
rivalidade, além de acordos entre nações, a
corrida armamentista intensificou-se. Os países precisavam garantir seu
poderio, fosse com acordos entre si, fosse com acúmulo de material bélico, para o caso de ocorrer algum conflito
armado, o que aconteceu em 1914, com
o início da Primeira Guerra Mundial, que
só teve fim em 1918.
No entanto, ao lado da
tensão política, havia também certa euforia
em relação às inovações tecnológicas que estavam evidentes no início
daquele século, como o telefone, o telégrafo sem fio, o aparelho de raio-x, o
automóvel, o avião, o cinema. O século que se iniciava mostrava o predomínio da
tecnologia e, com ela, da velocidade.
Nesse contexto, alguns
artistas, diante da matança que estava em curso durante a Primeira Guerra
Mundial, mostravam-se descrentes da
civilização e do propalado progresso social de início do século, que
contrastava com o conflito armado. Esses artistas, munidos de um espírito
anárquico e questionador, criaram então um movimento de vanguarda, o dadaísmo.
Origem
do Dadaísmo
As vanguardas europeias
foram movimentos artísticos ocorridos no início do século XX, na Europa, cada
um com características específicas, mas com algo em comum: a quebra com os valores da arte tradicional. O Dadaísmo foi um
desses movimentos. Seu principal idealizador foi o poeta romeno Tristan Tzara (1896-1963).
O movimento surgiu,
oficialmente, em Zurique, no dia 14 de
julho de 1916, com seu primeiro manifesto, assinado pelo escritor alemão
Hugo Ball (1886-1927), com esta introdução:
“Dadá
é uma nova tendência da arte. Percebe-se que o é porque, sendo até agora
desconhecido, amanhã toda a Zurique vai falar dele”.
Segundo o manifesto, o
significado da palavra dadá, em francês, é “cavalo
de pau”; em alemão, “Não me chateies, faz favor, adeus, até a próxima!”; em
romeno, “Certamente, claro, tem toda a razão, assim é. Sim, senhor, realmente.
Já tratamos disso”. Nessas definições, já se pode perceber que o movimento era
pautado pela ironia. No final das contas, a palavra dadá, para os dadaístas,
não tem nenhum significado ou tem todos os significados.
Nessa definição, ou
indefinição da palavra dadá, que dá nome ao movimento, é possível perceber a
essência dessa vanguarda, fundada na falta de sentido:
“Apenas uma palavra e uma
palavra como movimento. [...]. Ao fazer dela uma tendência da arte, é claro que
vamos arranjar complicações. Psicologia Dadá, literatura Dadá, burguesia Dadá e
vós, excelentíssimo poeta, que sempre poetastes com palavras, mas nunca a
palavra propriamente dita. Guerra mundial Dadá que nunca mais acaba, revolução
Dadá que nunca mais começa.”
Características
do Dadaísmo
Basicamente, o Dadaísmo foi
um movimento de oposição radical. Assim, foi contra a organização, a lógica, os
valores estéticos tradicionais e, também, dos seus contemporâneos. Por isso, é
considerado anárquico e provocador.
Foi irreverente e experimental, valorizou a improvisação, além de ter feito crítica ao capitalismo e ao consumismo.
Defendeu, portanto, uma arte espontânea, com base no nonsense, isto é, na falta total de sentido. Dessa forma, assumiu
um caráter caótico e absurdo.
Essa espontaneidade
artística, contrária aos padrões estéticos acadêmicos, é ilustrada na famosa “receita dadaísta”, de Tristan Tzara:
Pegue um jornal.
Pegue a tesoura.
Escolha no jornal um artigo
do tamanho que você deseja dar a seu poema.
Recorte o artigo.
Recorte em seguida, com
atenção, algumas palavras que formam esse artigo e meta-as num saco.
Agite suavemente.
Tire em seguida cada pedaço
um após o outro.
Copie conscienciosamente na
ordem em que elas são tiradas do saco.
O poema se parecerá com
você.
E ei-lo um escritor
infinitamente original e de uma sensibilidade graciosa, ainda que
incompreendido do público.
O
Dadaísmo também é associado a duas técnicas artísticas:
Colagem: técnica em que
pedaços de diferentes tipos de materiais, como papel, tecido etc., são colados
um ao lado do outro ou sobrepostos, de forma a criar uma imagem composta por
essas combinações.
Ready-made: deslocamento de um
objeto de seu contexto para outro, de forma a gerar estranhamento. Um exemplo é
a obra de arte Fonte, de Marcel Duchamp (1887-1968), em que um mictório é
deslocado de seu contexto original para ser exposto em uma galeria de arte.
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